segunda-feira, 17 de outubro de 2011

TROVAS

78
Nesta casa tão singela,
onde mora um Trovador,
é a mulher que manda nela
porém nos dois manda o amor.   (Clério José Borges)

77
Ficou pronta a criação
sem um defeito sequer,
e atingiu a perfeição
quando Deus fez a mulher.    (Eva Reis)

76
Cão de guarda, ameaçador,
a rosnar, furioso e cego
eis afinal, meu amor,
este ciúme que carrego...  (J.G. de Araújo Jorge)

sábado, 24 de setembro de 2011

||| Li por Aí...||| 09

Por Airton Soares


๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Do meu flanelógrafo


Todos os créditos desta coluna vão para Hélio Passos, do Jornal Diário do Nordeste. Mas, considerando que nada neste mundo é plenamente absoluto, atribuí a mim, algumas migalhas de crédito, visto ser o responsável pela coluna e da escolha dos verbetes. Por isso, dou-me por satisfeito. A bem da verdade, o que mais importa é que o leitor goste do que se segue.... AS

๛๛๛๛๛๛๛๛ domingo - 25/09/2011


SEM MALDADE

Com todo o respeito que lhe tenho como pessoa e principalmente como presidente deste impávido colosso, não levo fé em Dilma e em ninguém do seu batalhão de ministros. Não lhe tenho a menor simpatia, e momentos há que a vejo como um caipira com chapéu de seda na cabeça.


DO OUTRO MUNDO

Para esquecer uma injúria, um amigo meu adotou uma norma de conduta exemplar: esqueceu o autor da injúria, recusou-se a vê-lo e até a ouvi-lo, se ele lhe falava. Ou seja: transformou o ser vivo em ectoplasma, antecipando-lhe a condição de alma do outro mundo.


FASE

Estou na fase em que os velhos livros, lidos na juventude, devem ser relidos nas edições desse período. Abro um deles, e dou com os meus 15 anos, intactos, guardados no exemplar encadernado em percalina, com Graciliano Ramos de perfil.


TALENTO

Uma vez convidaram Chico Buarque para compor a música de um filme, oferecendo-lhe um bom dinheiro. Ele recusou. O responsável pelo filme argumentou, alegando ter sido a mesma importância paga a Tom Jobim. E Chico, irredutível:


-- Ele tinha talento, e eu, não. E isso me obriga a trabalhar muito. Logo: mereço mais.



VERSOS

Os versos mais geniais que conheço são estes: "Eu daqui, e tu de lá / Passa um riacho no meio / Tu de lá me diz adeus / E eu daqui... tibum dendágua!!!"



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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Airton Soares no Bazar das Letras

Airton Soares nasceu em Ipu, Ceará.


Phd – Poeta, Humorista e Didata

É formado em Letras, e se especializou em Literatura Brasileira.

Publicou: O mundo fora de esquadro.

Há 20 vinte anos ministra cursos e palestras, para empresas e estudantes, nas áreas de Recursos Humanos, Comercial e Administrativa usando como metodologia o Teatro Empresarial.

Lourdinha Leite Barbosa lança “Pela Moldura da Janela”

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Será quinta-feira (22), às 19h30min, no Ideal Clube, o lançamento do livro de contos “Pela Moldura da Janela e outras histórias”, da professora e acadêmica ipuense Lourdinha Leite Barbosa, com apresentação da psicanalista e professora do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Laéria Fontenele.

O Ideal Clube, que fica na Av. Monsenhor Tabosa, 1381, Meireles, Fortaleza, Ceará, expressa convite para o evento, junto com a Secretaria da Cultura, a Academia de Letras e Artes do Nordeste e a Topbooks Editora.

Por outro lado, a Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes espera o comparecimento de todos os acadêmicos, conterrâneos e amigos do Ipu, em mais este lançamento de livro da acadêmica ipuense Lourdinha Leite Barbosa.

Sobre o livro


Sobre “Pela Moldura da Janela e outras histórias”, novo livro de contos da escritora Lourdinha Leite Barbosa “é fruto de uma ‘brincadeira’ estética que exigiu muito engenho e arte, muito diálogo interno e refinado senso de percepção”, diz Beatriz Jucá na orelha da obra, acrescentando que “Em cada novo conto, transparece sua habilidade de construir personagens, desembaraçar mistérios e desenredar sentimentos”.

Betriz Jucá explica que a matéria-prima do livro (...) “são as vivências e as relações dos sujeitos com seus objetos internos e externos”. E afirma: “Lourdinha é capaz de mergulhar fundo para em seguida voltar à tona. (...)”


Sobre a autora


Lourdinha Leite Barbosa é professora da Universidade Estadual do Ceará, mestre em Literatura Brasileira, vice-presidente da Academia de Letras e Artes do Nordeste/CE e membro da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes.

Ela tem diversos contos, artigos e ensaios publicados em antologias, jornais e revistas especializados em todo Brasil e é ganhadora do Edital de Incentivo às Artes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.

Lourdinha é autora de A Arte de Engolir Palavras e Protagonistas de Rachel de Queiroz: caminhos e descaminhos, além de organizar 100 anos de Rachel de Queiroz: vida e obra (com Cleudene Aragão), dentre outros.

João Pereira Mourão, diretor
de publicação e marketing da
Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes
Biênio 2010/2011

Fotos: Capa e autora do “Pela Moldura da Janela”

domingo, 18 de setembro de 2011

||| Li por Aí... ||| 08

Por Airton Soares


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Do meu flanelógrafo


dois tipos de ausência. Numa o ausente não retorna, na outra o ausente não parte. Uma é atravessada pelo sol, a outra embaça o vidro e seca o capim já seco. Uma transforma o ruído em aventura; a outra é um longo domingo sem revistas. Efraim Medina Reyes

๛๛๛๛๛๛๛๛ domingo - 08/09/2011


GRAVEI POR AÍ

No momento estou ocupado,

Portanto não posso atender,

Mas deixe seu recado

Que logo mais vou responder.


POIS É

A poesia tem lá suas utilidades.


NÃO SEI

Em qual telefone deixei

Gravada essa mensagem e

Nem sabia mais da poesia

Encontrei-a por acaso.


TAMBÉM

Quem manda não gravar as coisas

Bem feito!


FALTA DIZER

Telefone toca. Alô! Nem sei como representar os sons anomatopaicos diante desta atitude brucutúlica hiper, plus, must moderna: bater o fone na cara da gente. Terrível!


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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

||| Li por Aí...||| 07

Por Airton Soares


๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Do meu flanelógrafo


Não passamos de criança,

apenas nossos brinquedos são mais caros. Li por Aí

๛๛๛๛๛๛๛๛ quinta - 15/09/2011

TROVApuxaTROVA

A ilusão da meninice

com os meus netos se refez

agora em plena velhice

eu sou criança outra vez.

Fernando Câncio - Fortaleza <> Ceará


Um dia fui menino travesso,

nalgum dia serei ancião,

minha vida vai estar ao avesso,

só verdade; sem ilusão!

Wanderson Uchoa - visite o blog do Wan


Minha avó, que já está morta,

queria tudo perfeito...

até fazendo uma torta,

fazia torta direito.

Orlando Woczicosky <> Curitiba


Vasculhando meu passado

descobri triste lembrança

e chorei choro abafado

por não ter sido criança.

Airton Soares - Fortaleza - Ceará


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terça-feira, 13 de setembro de 2011

-- QUANDO EU ESTICAR AS CANELAS

Por Dalinha Catunda
*
Amigos quando eu morrer
Não venham chorar por mim.
Me ponham na cova rasa
Joguem por cima capim
Mas se quiser me agradar
Me agradem antes do fim.
*
No dia do meu enterro,
Na hora do funeral
Pode jogar-me numa rede
E nela enfiar um pau
No ombro de dois “caboco”
Façam o trajeto final.
*
Chorar no meu buraco
É apenas adulação
Meu corpo tá lá embaixo
Mas a alma em ascensão
Cagando para os babacas
Que rodeiam meu caixão.
*
Por isso digo e repito
Não me faça ingratidão.
Enquanto eu estiver viva
Tenham consideração
Depois de morta dispenso
O choro e a lamentação.

*

domingo, 11 de setembro de 2011

AS divulga a Academia Ipuense e dá show em programa de TV

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Ontem, no programa “Papo Literário” da TVC, Canal 5, logo após reportagem sobre o autor do idioma inglês William Shakespeare, apresentado por Danilo Amaral, às 19h 30min, o acadêmico ipuense José Airton Pereira Soares conversou com a jornalista Mônica Silveira.

Na entrevista, Airton Soares (AS) falou da Revista Acadêmica (poesias e prosas para o Ipu – 170 anos), da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes, dos seus novos projetos, do seu recém-editado livro Cuide Bem do Seu Jardim, das suas palestras show, da sua linguagem teatral, das suas poesias e cordéis, contou histórias e declamou. Ou seja, deu show !

Ethice Reverentia Dignitas
(Ética – Respeito – Dignidade)

Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes

Instituição de utilidade pública do Ipu
Lei nº 284, de 13 de maio de 2011

João Pereira Mourão, diretor de publicação e marketing

Biênio 2010/2011

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||| Li por Aí...||| 06

Por Airton Soares


๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Do meu flanelógrafo

A maior aventura de um ser humano é viajar, e a maior viagem que alguém pode empreender é para dentro de si mesmo, e o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro, mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas o que as palavras não disseram. Augusto Cury.

๛๛๛๛๛๛๛๛ domingo - 11/09/2011


NÃO SOU MUITO de puxar conversa quando viajo. Timidez. É. Acreditem! Mas, foi-não-foi, quando encontro um ouvido virgem, culto e com um bom nível de escuta, viro tagarela. Foi o que aconteceu quando viajava para Camocim (Ce), no ano passado:

- - - - - - -por e-mail

"PREZADO AIRTON, GOSTEI muito do seu Blog. Ele faz jus ao papo interessante que levamos no ônibus de Fortaleza a Camocim. Gostaria que você me enviasse a trova sobre pagar com a mesma moeda. Lembra? Grande Abraço, Elton Menezes Leite."


BASEADO NO PROVÉRBIO DE SALOMÃO:


Não respondas ao louco

segundo a sua loucura

para não vires a ser

o seu semelhante.


FIZ A SEGUINTE TROVA:


Pagar na mesma moeda

nunca deu troco a ningúem

feliz de quem se apieda

não se vinga e faz o bem.


PEGANDO O FRETE:


Fazer o bem, simplesmente

muita gente não concebe

é que não sabe e não sente

que é dando que se recebe. [ Li por Aí ]


PEGANDO O FRETE 2:


Todo mundo se admira

do macaco andar em pé

o macaco já foi gente

pode andar como quiser. [ Li por Aí ]


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sábado, 10 de setembro de 2011

Airton Soares no PAPO LITERÁRIO

PAPO LITERÁRIO - 19H30

Neste sábado, uma reportagem sobre o maior autor do idioma inglês William Shakespeare e uma entrevista com o escritor e ator Airton Soares.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

||| Li por Aí...||| 05

Por Airton Soares

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Do meu flanelógrafo

O escritor é um garimpeiro incansável de palavras preciosas (belas adormecidas!), é estúdio ambulante, é incansável chargista vocabular de plantão de suas emoções, é esponja sensível que absorve o que vê e o que não se vê. Airton Soares, In O Mundo Fora de Esquadro.

๛๛๛๛๛๛๛๛ quinta - 08/09/2011

DE UMA FORMA OU DE OUTRA os fragmentos literários que se seguem, se entrecruzam e se interpenetram, formando um bloco coeso. Confira!

๛๛

O ESCRITOR É O ÚNICO a prestar atenção numa pedrinha triste e solitária, esquecida no jardim de sua casa. Revista Literatura – 29/03/2010 - texto de Renato Alessando Santos, adaptado por Airton Soares.

IMPOSSÍVEL NÃO LEMBRAR O BRUXO DO COSME VELHO - "Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto". Machado de Assis.

๛๛

A LITERATURA É UMA DAMA de muitos séculos que, como uma jovem vampira, está sempre cinematograficamente jovial, adolescendo com uma consciência de espírito que atravessa os séculos, à disposição de qualquer um que goste de ler e que saiba responder à pergunta de Drummond: “trouxeste a chave” Revista Literatura – 29/03/2010 - texto de Renato Alessando Santos.

๛๛

ABRACADABRA....

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta

pobre ou terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

........................trecho da poesia drummoniana, Procura da poesia.

๛๛

ATENTE:

Cada uma [ palavra] tem mil faces secretas [ conotação = figuração = vários sentidos] sob a face neutra [ denotação = palavra em estado de dicionário].

๛๛

MAS O QUE QUER DIZER ESTE POEMA? - perguntou-me alarmada a boa senhora.

E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.

Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...

Mário Quintana.


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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bota o “16” no gol

Por Airton Soares

1966. 14 anos. 1ª Série. Colégio Fênix Caixeiral. Centro de Fortaleza. - Bota o “16” no gol!...- bota o “16” no gol! Na hora da formação dos times ficava feliz ao ouvir a gritarada dos colegas.

Mal sabiam eles que toda a minha eficácia como goleiro estava nas mãos - digo melhor- nos olhos de Sônia, minha paquerinha zarolha - que oftalmicamente me acolhia ao defender uma bola.

Me lascava todinho no chão e... ao levantar-me tinha a impressão de que eu era todo caco de osso pra todo lado, mas tudo bem! Em seguida, com ar em plenos pulmões, devolvia-lhe o gesto com postura de herói recém chegado da guerra.

Ah, aquele olhar...olhar morenoso, pidão! Melhor medalha não havia. Hoje, desconfio se Sônia realmente olhava em minha direção.

Mais tarde, soube que fizera operação para corrigir o desvio oftálmico. Não logrou êxito. Casou. Dois filhos. Dia desses passou por mim. Brotou novamente a desconfiança e com ela, a recordação: “- bota o “16” no gol”...bota o “16” no gol!


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lançamento do livro - Pela Moldura da Janela

Hora
quinta, 22 de setembro, a partir das 19h 30min

Localização
Ideal Clube
Av. Monsenhor Tabosa, 1381 - Meireles
Fortaleza, Brasil

Criado por

Mais informações
Queridos companheiros da Academia Ipuense, conto com vocês para o lançamento do meu novo livro de contos: Pela Moldura da Janela.

sábado, 3 de setembro de 2011

||||| Li por Aí... ||||| 04

Por Airton Soares

๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Do meu flanelógrafo


Ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem

saber quanto se tem no banco.” Ulisses Tavares. *

๛๛๛๛๛๛๛๛ domingo - 04/09/2011


* ULISSES TAVARES, escritor e professor, sempre leu muito. Não ficou rico com isso. Mas deixou de ser pobre de espírito rapidinho. Visite: www.ulissestavares.com.br

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OLHE, LONGE DE QUERER SER “o cara” da leitura, mas eu me enquadro no time do professor Ulisses. Falar nisso, minha família diz: “Tu vai ficar doido de tanto ler” - Reflito: se leio, fico doido; se não leio, fico doido pra ler... Existirá diferença?

๛๛

A leitura nos ensina

a separar o joio do trigo

para que no campo da vida

floresça homem e não mendigo. Airton Soares

๛๛

Por isso na impaciência

Desta sede de saber,

Como as aves do deserto

As almas buscam beber...

Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros à mão cheia...

E manda o povo pensar!

O livro caindo n'alma

É germe — que faz a palma,

É chuva — que faz o mar.

[ Trechos - O livro e a América, Castro Alves]

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LI POR AÍ

...........cinco razões para ler um livro:


  • Partir em busca do conhecimento;

  • Aliviar o estresse;

  • Viajar sem sair do lugar;

  • Voar por outros mundos e dimensões;

  • Abrir um cofre de sabedoria.

๛๛

CURIOSnãotemIDADE - Na Segunda Guerra Mundial, o cerco nazista à cidade russa de Stalingrado (atual São Petersburgo) por quase um ano, privou seus habitantes de meios alimentares vindo de fora. Na ocasião, as autoridades soviéticas recomendaram o hábito da leitura por entre a população, como forma de fazer "esquecer" a fome que passavam. [Verbete: leitura / Wiquipédia]

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É VERDADE PATENTE

Bíblia: o livro mais lido no mundo. O segundo mais lido: Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes.

๛๛

E PRA FINALIZAR....

Parece troça, parece,

mas é verdade PATENTE

que a gente nunca se esquece

de quem se esquece da gente. [ Jader Andrade ]



VIDA

"A vida de uma pessoa não é o que lhe acontece, mas aquilo que recorda e a maneira como o recorda." Tema: - Vida Ver mais citações de - Márquez, Gabriel

via CITADOR

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

||| Li por Aí... ||| 03

Por Airton Soares

๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Tudo bem. Viva o computador, a internet.

Mas nenhuma coleção de CDs e DVDs ornamentará uma

sala como o calor e a dignidade de uma estante de livros.”

E este colunista - em final de expediente, exausto e sem assunto -

acrescenta: FALOU E DISSE!

๛๛๛๛๛๛๛๛ quinta - 01/09/2011


๛๛

NÃO CONTRAIA! - Pressionada pela linguagem oral, na qual são comuns as fusões de som, a escrita é levada a contrair — distraidamente — o que não pode gramaticalmente ser contraído. Em casos como o da frase “Apesar de o preso ter sido solto no mesmo dia...”, nunca se deve escrever “Apesar do preso ter sido...”, o que só é tolerado na oralidade. E isso pela simples razão de que o sujeito nunca pode ser regido por preposição. Portanto, na linguagem culta formal, não se deve fazer essa mistura. Consultexto - Ano 12 - nº 563 - 1º/09/2011

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CONTRAIR MATRIMÔNIO, PODE! Neste caso o sujeito realiza um contrato... um compromisso. Já contrair um resfriado [ ser afetado] cristão nenhum deseja, e como é difícil evitá-lo! Falar nisso, mestre Drummond diz que existem no mundo duas coisas difíceis de se evitar: paixão e resfriado. Até aqui tudo bem, - continua o poeta - o problema é que ninguém quer se vacinar contra o amor, mesmo sabendo dos seus efeitos colaterais.

๛๛

AMANHÃ, sexta-feira, dia de PoncioPilex. Sábado e domingo... curtir um redinha de tucum com direito a cafuné, né não? Fiquemos por aqui com a provocação da nossa Acadêmica [Academia Ipuense] e cordelista de mão, digo, de corpo cheio, Dalinha Catunda!

REDE NO ALPENDRE

*

Uma rede num alpendre

E um ventinho sedutor

Vento que vem do açude

Para abanar meu calor

São delícias que desfruto

Quando estou no interior.[...] Dalinha Catunda


terça-feira, 30 de agosto de 2011

A escrita da precisão

LITERATURA

Publicado em 30 de agosto de 2011- Diário do Nordeste

Clique para Ampliar

Um dos principais nomes da arte do conto (numa terra fértil em contistas), Nilto Maciel lança seu novo livro, reunião de histórias inéditas, entre guardados e novas produções

Nascido em Baturité, o escritor Nilto Maciel é autor de uma obra que ganha intensidade com o tempo. Não que os feitos do passado sejam poucos. Ainda em 1977, ele organizou, com Glauco Mattoso, uma antologia do conto marginal "Queda de Braço". Contudo, ao invés de muitos veteranos que perdem o fôlego e se entregam ao ocaso de obras repetitivas, Maciel está disposto a arriscar-se, não só em contos e romances novos, mas no trabalho como blogueiro (em que divulga o trabalho de novos e velhos autores, não devidamente apreciados) e como antologista (vide a indispensável "Contistas do Ceará: D´A Quinzena ao Caos Portátil", de 2008).

Seu novo livro, a coleção de contos "Luz vermelha que se azula", reúne mais de 60 histórias. A maior parte é composta por novas produções do autor, escritas (e datadas) entre 2005 e 2007 - num ritmo, segundo o próprio Nilto Maciel, "de mais ou menos um novo conto por semana".

A outra parte é formada por textos que ficaram guardados na gaveta do autor, por algumas décadas, esperando uma reavaliação sua - ou que a sorte da literatura, da transformação da escrita de Nilto Maciel lhes conferisse novos sabores.

Um dos ganhadores do Prêmio Literário para Autor (a) Cearense, da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), na categoria Moreira Campos (contos), o livro será lançado, hoje, às 19 horas, na galeria do Teatro Sesc Emiliano de Queiroz. É que o autor é o convidado do dia do projeto Bazar das Letras, programação mensal dedicada a literatura, que tem recebido, sistematicamente, autores brasileiros (sobretudo cearenses) para falar de suas obras.

Prosa

Nilto Maciel dividiu seu livro em três partes. Na nota de abertura, ele alega que "a sequência dada a eles não tem importância" (ao leitor cabe desconfiar dos ficcionistas: por que, então, a ordem não é alfabética ou cronológica, por exemplo? Que padrão os ordena?). Contudo, o escritor deixa claro: as três partes, como se tratasse de livros distintos, são enlaçados a partir da origem e da natureza das histórias neles presentes.

A primeira parte agrupa o que Maciel define "contos acolhidos", aqueles que, para o autor, chegam por inspiração, numa relação algo sagrada com certo inconsciente coletivo. Dentre estes, destaque para "Diálogo de protagonistas", que narra uma disputa entre Deus e o Diabo pelo direito de arbitrar quanto ao destino dos homens; e "Onde fica o inferno", fábula que recupera a crueldade natural - e um tanto esquecida - ao gênero.

A segunda, os "contos de memória", contorções das lembranças de Nilto Maciel. "Solano Lopez para iniciantes" retrata o despertar erótico, permeado pela misoginia característica dos meninos, e sintetiza bem o teor desta parte do livro, em que o sonho e a ficção redimensiona o que foi lembrado.

Por fim, o escritor envereda pela história, num vai e vem entre personagens e episódios que tornaram-se célebres e a ficção, que os reacomoda, que os ressignifica e os reinventa.

CONTOS
"Luz vermelha que se azula"
Nilto Maciel
Expressão gráfica
2011
212 páginas
R$ 30
Lançamento, no Bazar das Letras, às 19h, na
Galeria Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701, Centro). Contato: (85) 3452.9032

FIQUE POR DENTRO
Bazar das Letras

Criado há pouco mais de três anos, o projeto Bazar das Letras é promovido pelo grupo de leitura Abraço Literário, mantido pelo Sesc-CE. A proposta é valorizar a literatura (sobretudo a produção cearense) e temas do universo da produção literária, por meio da aproximação entre o escritor e o leitor. O programa funciona como uma espécie de entrevista aberta com um autor, com a

participação da plateia. Mais de 40 escritores já passaram pelo projeto, conduzido por Carlos Vazconcelos, que orgulha de não ter repetido nenhum nome.

DELLANO RIOS
EDITOR

domingo, 28 de agosto de 2011

||||| Li por Aí... |||||

Por Airton Soares

๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛๛

Do meu flanelógrafo


Corre na internet...

Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário.

Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado"

Cid Gomes, governador do Ceará


Quanta falta de educação! AS

๛๛๛๛๛๛๛๛domingo - 28/08/2011


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TODO O PECADO ORIGINAL VEIO A SER A VIRTUDE ORIGINAL - Você sabia que o casamento era tido como um atentado à sociedade e que o «direito» foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime, ou seja, foi instituído com violência e opróbio? Confira no final da coluna as contundentes assertivas do eminente filósofo alemão Friedrich Nietzsche, abordando o tema A Fragilidade dos Valores.


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E POR FALAR EM CASAMENTO...

Quem ama mulher casada

só passa pela janela,

não pisa com o pé no chão

nem faz barulho em cancela,

com medo do “38”

na mão do marido dela.”

Li por aí...num sei por onde, porque não dizer nalgum lugar... e de tanto repetir acabei decorando e memorizando.

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EM FAVOR DO CABIMENTO.... A decoreba, hoje tão mal falada, na esfera educacional, a meu ver ainda tem muita serventia. O que acontecia: o aluno repetia... repetia...Só decorava. E... com o passar do tempo, esquecia. Hoje: continua válida a repetição para se decorar, mas... cada repetição tem de ser feita estrategicamente diferente, envolvendo imagens diversas via sentidos. Para cada sentido um sentimento [emoção!] diferente. Celso Antunes trabalha bem este tema em sua Aprendizagem Significativa. Em suma: repita para decorar, mas reflita exaustivamente sobre o que foi decorado para que o texto seja memorizado... gravado para sempre.

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GRAVE PARA SEMPRE SEUS TEXTOS - Nossa próxima oficina no SESC será Estratégias de Estudo: Aprendizagem Significativa, que tem como objetivo geral propiciar ao treinando a descoberta do seu plano pessoal de estudo e de como aumentar e melhorar a retenção e resgate de informações importantes para utilização no momento adequado através de técnicas de leitura e memorização. Fique atento. Divulgaremos nesta coluna início e carga horária. Mas uma coisa é certa: É GRATUITA!

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A FRAGILIDADE DOS VALORES - Todas as coisas «boas» foram noutro tempo más; todo o pecado original veio a ser virtude original. O casamento, por exemplo, era tido como um atentado contra a sociedade e pagava-se uma multa, por ter tido a imprudência de se apropriar de uma mulher (ainda hoje no Cambodja o sacerdote, guarda dos velhos costumes, conserva o jus primae noctis).

Os sentimentos doces, benévolos, conciliadores, compassivos, mais tarde vieram a ser os «valores por excelência»; por muito tempo se atraiu o desprezo e se envergonhava cada qual da brandura, como agora da dureza.

A submissão ao direito: oh! que revolução de consciência em todas as raças aristocráticas quando tiveram de renunciar à vingança para se submeterem ao direito! O «direito» foi por muito tempo um vetitum, uma inovação, um crime; foi instituído com violência e opróbio.

Cada passo que o homem deu sobre a Terra custou-lhe muitos suplícios intelectuais e corporais; tudo passou adiante e atrasou todo o movimento, em troca teve inumeráveis mártires; por estranho que isto hoje nos pareça, já o demonstrei na Aurora, aforismo 18: «Nada custou mais caro do que esta migalha de razão e de liberdade, que hoje nos envaidece». Esta mesma vaidade nos impede de considerar os períodos imensos da «moralização dos costumes» que precederam a história capital e foram a verdadeira história, a história capital e decisiva que fixou o carácter da humanidade.

Então a dor passava por virtude, a vingança por virtude, a renúncia da razão por virtude, e o bem-estar passivo por perigo, o desejo de saber por perigo, a paz por perigo, a misericórdia por opróbio, o trabalho por vergonha, a demência por coisa divina, a conversão por imoralidade e a corrupção por coisa excelente.

Friedrich Nietzsche, in 'A Genealogia da Moral'



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Café e Filosofia do SESC-Centro - Fortaleza

Olá Amigos e Amigas que fazem o Café e Filosofia do SESC-Centro,

Segue abaixo a Programação do nosso Café e Filosofia do SESC-Centro para o mês de SETEMBRO/2011:

Neste mês de setembro destaco que teremos a presença da Profa. Monica Aiub, que estará conosco no dia 15 de setembro de 2011, (QUINTA-FEIRA)às 18h, oportunidade que teremos após a sua exposição o lançamento do livro da sua autoria "COMO LER FILOSOFIA CLÍNICA - Prática da Autonomia do Pensamento", Editora Paulus, 2010.

Programação:

Setembro/2011

Dia: 01 de setembro de 2011
Tema: "O desejo e seus desencontros com a norma”
Prof. Anselmo Leão (Filósofo, Mestrando em Filosofia e Professor de Filosofia)

Dia: 08 de setembro de 2011 - às 18h;
Tema: “Schopenhauer – Filosofia do Limite”
Prof. Ruy de Carvalho (Mestre e Doutorando em Filosofia e Professor de Filosofia da UFC)

Dia: 15 de setembro de 2011 - às 18h;
Tema: “Filosofia Clínica”.
Profa. Mônica Aiub (Filósofa, Mestre e doutoranda em filosofia e Professor de Filosofia)

Dia: 22 de setembro de 2011 - às 18h;
Tema: "Mito – Amor e Morte"
Prof. Kleber Bezerra Rocha (Licenciado em Letras, Especialista em Estudos Clássicos e Professor de Língua e Literatura Grega).

Dia: 29 de setembro de 2011 - às 18h;
Tema: "Experiências de Trabalhadores a partir da Construção da Barragem do Castanhão no Ceará "
Profa. Milena Marcintha Alves Braz
(Socióloga, Mestre, Doutora em Sociologia e Professora de Sociologia e Coordenadora Adjunta do Curso de Direito da FGF).

OBS.:
- PEÇO-LHES QUE DIVULGUEM A PROGRAMAÇÃO ACIMA COM OS SEUS CONTATOS, Ok!

Abraço filosófico,
Prof. Casemiro Campos.

|||| Li por Aí... |||||

Quinta - 25/08/2011

Por Airton Soares

Brechando – neste LV - a conversa dos amigos Pedro Fortuna e Fatinha Augusto [discorriam sobre a importância do tempo] lembrei-me de uma citação que diz + ou – assim: não deixe para a tarde o que você pode fazer pela manhã, pois se gostar pode fazer tudo de novo e...se não gostar, já está feito.

Mas se o tempo voa... nós somos o piloto. Já prestou atenção: falar sobre o tempo, sempre temos tempo!

Eu sou do tamanho daquilo que vejo,

E não do tamanho da minha estatura.”

Pois é...tamanho físico não é documento. Desde o tempo do Império sabemos disso. A citação em tela foi bastante explorada segunda-feira, 22, no segundo encontro da nossa oficina: O FAZER LITERÁRIO que acontece no SESC do Mercado São Sebastião todas às segundas das 19 às 21h. Ah, sim, ia esquecendo: é GRATUITA.

Na próxima semana, 29, vamos provar que só há narrativa se tiver “pé”. Matamos sua curiosidade: a narrativa TEN PÉ = Tempo, Espaço, Narrador |||| Personagem e Enredo.

Escrever é ter o que dizer e saber como dizer. Escrever exige técnicas, conhecimento do assunto, paciência, determinação e, principalmente, PAIXÃO! “Escrever é desvendar o mundo” [ Do livro Interpretação de Textos de Marco Saliba]

Cuidar das emoções

Papel, Palavra, Leitor

Testemunhar o seu tempo

Eis a função do escritor. [ Airton Soares]

E para consubstanciar esta PAIXÃO de escrever, encerramos esta coluna - que tem a pretensão de ser semanal - com um recadinho a um poeta, de Olavo Bilac

A Um Poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.”

Rock Inn = Pousada do Rock


Release

Rock Inn = Pousada do Rock ... uma banda que surgiu da junção dos ex-integrantes Marcos Ley, Isaac Lázaro e Paulo André da grande banda de hard-rock Vulcani ... agora com a chegada do novo vocalista Tony Pontes somado ao grande tecladista André Stamatto, ambos grandes músicos atuante no cenário rock'n roll e hard rock de Fortaleza, a Rock Inn esta completa.

A banda vem com um repertório de grandes hits do pop, classic rock, hard rock e rock'n roll, tocando também grandes baladas.

Clique AQUI e conheça os novos talentos do Rock cearense.

sábado, 20 de agosto de 2011

Filósofa russa Ayn Rand



Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

Livro polêmico: Por Uma Vida Melhor

Confira trechos do livro Por uma Vida Melhor que tratam da chamada “norma popular

19/05/2011 - 8h49

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O livro Por uma Vida Melhor foi distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) para turmas de educação de jovens e adultos (EJA) em todo o Brasil. A publicação causou polêmica ao incluir frases com erro de concordância em uma lição que apresentava a diferença da norma culta e a falada.

Confira abaixo trechos do livro sobre o assunto:

“É importante saber o seguinte: as duas variantes [norma culta e popular] são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”

“'Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado'. Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro?’.’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião”

“Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como:

Nós pega o peixe.

nós - 1ª pessoa, plural

pega - 3ª pessoa, singular

Os menino pega o peixe.

menino - 3ª pessoa, ideia de plural (por causa do “os”)

pega - 3ª pessoa, singular

Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular, quem ouve a frase sabe que há mais de uma pessoa envolvida na ação de pegar o peixe. Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala.”

“É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana.”

“A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta. Algo semelhante ocorre quando falamos: conversar com uma autoridade exige uma fala formal, enquanto é natural conversarmos com as pessoas de nossa família de maneira espontânea, informal.”

Edição: Lílian Beraldo

A gente não quer só comida

"Nós pega o peixe", "a gente pega o peixe", "nós pegamos o peixe"... Em meio a tanta polêmica sobre um livro que estaria ensinando o português errado aos alunos, uma nova discussão se abre. Como os conhecimentos históricos podem contribuir para o debate?

Por Edmar Cialdine




Toda língua viva muda. Isso é um fato e o dicionário eletrônico Aulete define fato como “O que é real ou verdadeiro, realidade, verdade” e ainda “Ocorrência, evento observado objetiva ou cientificamente”. Eu diria que a mudança linguística é um evento observado e observável, ou seja, está aí para quem quiser ver. Mas é preciso que se acrescente, também, que “língua viva” é toda e qualquer língua em uso – haja ou não falantes nativos. Existem inúmeros estudiosos que realizaram pesquisas que comprovem tais mudanças, mas não será preciso recorrer a eles. Basta observarmos alguns exemplos que possam nos chamar a atenção. Encontramos em texto do grande escritor Luís de Camões expressões como “pranta” e “frauta”. Hoje, a gramática tradicional (prescritivista) prega, como correto, “planta” e “flauta” – isso significaria que Camões, o escritor de “Os Lusíadas” usava um português errado em sua obra? Como e por que ocorreu essa mudança? Se remetermos ao latim, língua-mãe de nosso idioma pátrio e muitos outros, teremos palavras como “clavus”, que deu origem a palavra “cravo” (prego).

Esses são apenas alguns exemplos ilustrativos de como as mudanças que a língua sofre no tempo podem influenciar nossa opinião sobre ela. Na verdade, o que gostaria mesmo de falar é sobre a polêmica que surgiu a partir do livro Por uma Vida Melhor da coleção “Viver, aprender”, de vários autores (dentre eles Heloísa Ramos). Tal obra foi distribuída pelo MEC para a educação de jovens e adultos e, em seu capítulo 01, de acordo com vários jornalistas, “assassina a língua portuguesa ao incentivar o uso de ‘nós pega o peixe’ como correto” – para quem gosta de sensacionalismos, foi perfeito. Contudo, o que se ignora na obra é que, no mesmo capítulo, o livro trata sobre as diferenças entre a fala e a escrita, o que é a norma culta, as variações linguísticas etc. Em um trecho, sobre o uso de “os livro” encontramos: “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro?’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico(...). O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião.” A obra portanto trata da adequação do usuário da língua ao contexto. Ora, um médico dificilmente conseguiria combater a dengue em uma comunidade de baixo nível escolar caso fizesse uso de um jargão técnico. O que não significa que iremos ignorar o baixo nível escolar dessa comunidade e deixar as coisas como estão – lembrem-se, estamos falando de adequação linguística. Saber conversar com uma pessoa com baixo conhecimento e também com uma pessoa formada, com PhD, é sinal de competência linguística. O problema, então, seria o extremismo: ou apenas a norma culta, ou apenas a norma popular – o que vai de encontro à, insisto, adequação linguística. Dito isso, vejamos como um conhecimento histórico da língua pode nos ajudar a enriquecer o debate.

As línguas de origem indo-europeia, como as línguas germânicas (inglês, alemão, dentre outras), o grego, o latim e as línguas neolatinas, possuem uma tendência a se tornarem mais simples em sua estrutura. Explicando melhor. As línguas mais antigas dessa família tinham uma característica em comum, a grande quantidade de flexões existentes.

Havia flexões para gêneros, números, casos, vozes verbais, tempos, modos, dentre tantas outras categorias gramaticais. Com o tempo, a quantidade de flexões foi diminuindo. Por exemplo os casos latinos. A princípio se usavam desinências para determinar a função sintática dos substantivos: “lupi” (que pertence ao lobo), caso genitivo, ou “lupo” (oferecido ao lobo), caso dativo. Com o tempo, as preposições passaram a exercer essas funções e a flexão caiu em desuso: “de lupu” e “ad lupu”, respectivamente. A tendência em reduzir os casos é perceptível se levarmos de conta que, nos primórdios do latim, havia os casos nominativo, vocativo, genitivo, acusativo, ablativo, locativo, instrumental e dativo; mas, no período clássico, os casos locativo e instrumental desapareceram; e, posteriormente, o vocativo, que já possuía a mesma forma do nominativo em praticamente todas as palavras, também desapareceu. Pouco antes de o latim desaparecer como língua falada, apenas os casos nominativo e acusativo restavam. A principal consequência desse processo foi, como já mencionamos, o uso extensivo das preposições e, ainda, o estabelecimento de uma ordem sintática canônica: “sujeito – verbo – objeto”.

De igual modo podemos falar sobre os verbos e o uso dos pronomes. Em termos práticos, os pronomes (pessoais do caso reto) tinham uso restrito, apenas para enfatizar o sujeito da ação ou para fazer uma oposição com outro elemento ou pronome. Era possível identificar o sujeito da oração graças à desinência número-pessoal. Contudo, o uso extensivo dos pronomes fez com que as formas verbais ficassem cada vez mais simples. Esse processo tem ocorrido com todas as línguas de origem indo-europeia, algumas de forma mais rápida que outras. Hoje em dia, temos, em inglês o uso obrigatório do pronome pessoal até em verbos impessoais como em “it rains” (“chove”) e, de modo geral, apenas uma ou duas formas verbais. Sendo assim, o uso cada vez mais amplo dos pronomes em português tem feito com que as formas verbais passassem por um processo de mudança linguística. Basta notar a troca da segunda pessoa do plural “vós”, por “vocês” e a confusão entre “tu” e “você”. De fato, a linguagem popular reduziu as formas verbais para: “eu estudo”, “tu/ você estuda”, “ela/ ela estuda”, “nós/ a gente estuda”, “vocês estuda”, “eles/ elas estudam” – e ninguém deixa de ser compreendido por causa disso. Agora, é claro que, em uma situação formal, devemos usar as formas verbais flexionadas tradicionais – o que pode até dispensar o uso de pronomes: “Fizemos o dever de casa, professor”, no lugar de “a gente fez o dever de casa”. Claro que o usuário competente saberá relacionar bem a forma e a função para se comunicar.

Um último exemplo que gostaria de apontar é da palavra presidente, tão usada no feminino hoje. Essa palavra é, na verdade, comum de dois gêneros, isto é, temos o presidente e a presidente – sendo assim, “presidenta”, uma forma errada. Será? É certo que, como muitas palavras terminadas em “-ente”, ela tem origem no particípio presente do verbo latino “praesideo” (sentar-se em primeiro lugar, à frente, ou seja, presidir): “praesens, praesidentis” (aquele que preside). Tal palavra faz parte de um grupo que funciona como adjetivos uniformes, isto é, igual para todos os gêneros. De modo não tão diferente, palavras terminadas em “-or”, como senhor e professor, não possuíam feminino em sua origem. Porém, por analogia a diversas outras palavras, surgiu a forma do feminino com “-a”. Hoje em dia, chega a ser estranho, em espanhol, “professor” ser uma palavra usada tanto para homens quanto para mulheres. Assim sendo, se “presidenta” se fixará na língua ou não só o tempo e seus usuários poderão dizer.

Gostaria, por fim, de dizer o que falei aos meus alunos do curso de Letras, futuros professores de português, quando questionado sobre a polêmica do livro: o papel do professor é formar usuários competentes da língua. Negar ao aluno o uso de sua variação materna, da norma padrão ou de qualquer variação linguística é privar o aluno da riqueza de sua própria língua. Devemos, sim, ensiná-los a usar a língua em todas as situações, formais ou informais.


Francisco Edmar Cialdine Arruda é professor da Universidade Regional do Cariri, mestre em Linguística aplicada pela Universidade Estadual do Ceará e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Lexicografia, Terminologia e Ensino (LETENS) e do Núcleo de Pesquisas em Linguística Aplicada (LiA), atuando principalmente com os temas Terminologia, Lexicografia, Surdez, Multimodalidade e Estudos clássicos. Contato: ed0904@gmail.com

A legitimidade do erro

A polêmica sobre o livro didático Por uma vida melhor, reacendeu a discussão sobre erro ortográfico e gramatical, linguagem formal e informal e a legitimidade de seus usos dentro e fora da sala de aula


A língua portuguesa ganha ocasional destaque na mídia; foi o que aconteceu em maio de 2011. Por causa do livro Por uma Vida Melhor, da coleção "Viver, aprender", distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático do MEC, criou-se uma polêmica sobre até que ponto se deve ensinar a linguagem coloquial em sala de aula, o que deve constar nos livros didáticos.

E essa discussão foi levada para campos bastante pisados pelos que trabalham com a linguagem. O que é erro? A forma oral da língua, usada de fato pela população, não é mais relevante que a versão formal? O fato de alguns falarem de forma mais formal invalida os informais, ou ao contrário?

Aqui, agora, não pretendemos apresentar respostas. Convidamos alguns colaboradores a falar sobre o assunto e seus temas relacionados, começando por um texto da coordenadora da Ação Educativa, entidade responsável pela face didática da produção do livro, e finalizando com uma sugestão de uso do tema em sala de aula.

O professor, a linguagem e o aluno
Há um limite para o uso da linguagem coloquial em sala de aula; o exercício do lecionar exige ponderação e firmeza
(Leia mais)

fonte: http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/31/a-legitimidade-do-erro--225101-1.asp

O professor, a linguagem e o aluno


Há um limite para o uso da linguagem coloquial em sala de aula; o exéricito do lecionar exige poderação e firmeza


Por Hamilton Werneck



Estabelecendo-se como base de proposta que o trabalho em sala de aula deve promover o uso da língua culta e, além disso, manter a simplicidade da comunicação para que todos compreendam o que é exposto pelo professor, podemos iniciar nosso debate sobre o que deve ser falado, como falar e que vocabulário usar nessa convivência docente-discente com aproximações necessárias causadas pela pluralidade dos encontros.

Quando Roland Barthes assumiu a cadeira de linguística na Universidade da Sorbonne, em Paris, proferiu um discurso onde ficaram famosas algumas expressões: “Nós não tomamos a Sorbonne na primavera de 1968 para assumir o poder, mas para derrubar o poder... e, ainda – a língua é mais dominante pelo que nos obriga a dizer”.

A norma culta da língua, de fato, obriga o professor a dizer de modo coerente com a gramática, embora compreenda uma série de interferências que podem estar relacionadas na fala de regiões de fronteira, nas cidades onde estão reunidos muitos colonos vindos de países diferentes. No Rio Grande do Sul, por exemplo, numa distância de 20 quilômetros, entre Cerro Largo e Guarani das Missões, um professor que trabalhe nas duas cidades conviverá com a cultura alemã em Cerro e com a cultura polonesa em Guarani. Isso exigirá dele uma adaptação rápida, por vezes no mesmo dia, abordando estratégias diferentes para ensinar e corrigir distorções, cuja origem é bem conhecida.

Cabe a esse professor e a todos quantos lecionarem pelo Brasil entender as diferenças, oxigenar a mente para lidar com as inúmeras variedades, compreender os erros e corrigi-los, sem humilhar os estudantes.

O cuidado ao lidar com essas pessoas que têm saberes e produzem cultura, embora se expressem de modo pouco familiarizado com a gramática de nossa língua, deve ser estimulado. Não há justificativa para transformar a linguagem popular em chacota e risos porque seria um desrespeito às pessoas que não tiveram oportunidades para aprender bem.

Porém, quando admito que se deve conviver com o erro sem corrigi-lo, admito também que estou privando esse carente linguístico de aprender o que é correto e de ter oportunidade de melhorar de vida.

De que adianta propalarmos que mais um ano de escola aumenta, em média, 15% o valor do salário de uma pessoa se a prática do ensino e o ato de aprender está vinculado a uma perversa pedagogia que “faz o pobre continuar pobre”.

Uma das melhores estratégias para estar um professor mais próximo de seus alunos é, exatamente, a linguagem coloquial que usa. Se ele for compreendido, todos terão possibilidade de aprender.

Pois é nesse ponto que alguns confundem aproximação com o uso da linguagem coloquial dos próprios alunos, muitas vezes retratando os erros de várias origens e as palavras que podem significar termos socialmente desaconselhados. Refiro-me diretamente aos “palavrões”.

Um aluno fala palavrões com mais frequência na linguagem coloquial e, os professores, quando em reunião com colegas, fazem a mesma coisa. A diferença está quando dois grupos diferentes se encontram, sendo um educador e, o outro, educando.

Por mais próximo que se torne um professor, ele precisa perceber que continua sendo uma referência para seus alunos, apresenta um parâmetro que servirá de medida para comparações. Os alunos, diante de um professor, não querem um igual para conviver com eles, querem um amigo que reflita experiência, apoio e segurança. Iguais eles já têm em sala de aula e nos recreios ou nas ruas.

Torna-se também evidente que o professor precisa explicar aos alunos, diante de palavrões ouvidos, o seu significado linguístico. Os palavrões fazem parte de um vocabulário mais antigo, ligado a outras sociedades ou mesmo próximos das raízes das línguas.

Quando um professor, para tornar-se mais popular e mais próximo de seus alunos, usa palavrões, esperando aumentar a comunicação, os alunos geralmente analisam essa postura como uma atitude de nivelamento, tiram do professor a “aura” de formador de opinião e de transmissor de valores.

Enquanto a genética estuda o “gene” transmissor dos caracteres hereditários, a memética estuda o “meme” transmissor dos valores sociais e culturais. Quando um professor permite a si mesmo o uso de palavras não aconselhadas no convívio social mais culto ou mais formal a transmissão da cultura, naquele momento, indica um caminho perfeitamente possível de ser trilhado pelos alunos até quando se dirigem ao professor.

Esse costuma ser o primeiro passo para a perda da autoridade e da credibilidade, dois aspectos que não podem, os professores, perder porque compromete a educação.

A linguagem, na visão do professor Vasco Moretto, faz parte dos pilares da competência, seguindo-se como dedução que um professor que não se comunica adequadamente tem mais possibilidades de perder essa necessária competência que, conforme o mesmo autor, é saber lidar com situações complexas.

Lide, portanto, caro professor, diante de situações complexas com a variedade que seu vocabulário permite, aproximando-se das pessoas sem a necessidade de desvios que, aparentemente, garantam a sua popularidade.

O aluno quer vê-lo diferente e próximo; amigo e grávido de saberes; autoridade sem autoritarismos; eloquente sem ser distante; aberto aos debates sem ser conivente com atitudes duvidosas; mão amiga e forte que conduza na direção mais acertada.

Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e conferencista. www.hamiltonwerneck.com.br