segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A sabedoria da velhice

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A Sabedoria da Velhice Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde.

Hermann Hesse, in 'Elogio da Velhice'
- via CITADOR

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A ilusão da meninice
com os meus netos se refez,
agora em plena velhice
eu sou criança outra vez
. [ Fernando Câncio - UBT - Ce]

sábado, 16 de outubro de 2010

Ser

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via blog do PRATES

Qualquer um pode ser o que quiser na vida, qualquer um. E sem ajuda, basta autodeterminar-se diante de um propósito, traçar um plano, agir e perseverar. Vai dar certo. A maioria quer “concurso”, salário garantido e pouco trabalho. Não devia ter nascido, nunca será nada. Qualquer um, repito, pode ser uma excelsitude na vida. Por si.

Morre em São Paulo o psiquiatra José Angelo Gaiarsa

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JAMES CIMINO
DE SÃO PAULO

Morreu neste sábado aos 90 anos o médico psiquiatra José Angelo Gaiarsa. Segundo sua neta Laura, Gaiarsa morreu em São Paulo por volta das 5h enquanto dormia. A família ainda não sabe a causa da morte.

O velório será hoje, a partir das 14h, no cemitério São Paulo. O corpo será enterrado no cemitério da Assunção, em Santo André, onde o psiquiatra nasceu. José Gaiarsa era divorciado e deixa três filhos e oito netos.

Divulgação
Morreu neste sábado, em SP, o psiquiatra José Angelo Gaiarsa
Morreu neste sábado, em SP, o psiquiatra José Angelo Gaiarsa

Nascido em 19 de agosto de 1920, Gaiarsa sempre será lembrado como um iconoclasta, conforme disse seu filho Flávio à Folha.

Zeca, como era conhecido pelos amigos, falava muito contra a estrutura familiar clássica, segundo ele a maior geradora de neuroses nos indivíduos, e apoiava abertamente, em redes de rádio e TV, a liberdade feminina já na década de 1960.

Clinicou por mais de 50 anos, publicou 30 livros e por dez anos teve um quadro de televisão em que esclarecia dúvidas dos telespectadores.

Vindo de Santo André, de uma família de seis irmãos e irmãs, entrou na Faculdade de Medicina da USP em primeiro lugar, posição que manteve por toda a graduação.

Casou-se com Maria Luiza Martins Gaiarsa, cirurgiã e colega de turma, com quem teve quatro filhos homens: Flávio, Marcos (já morto), Paulo e Dácio. Separou-se em uma época em que o rompimento das relações matrimoniais era controverso.

Foi introdutor de Carl Gustave Jung e William Reich no Brasil, psicanalistas ideólogos da revolução sexual.

Seu primeiro livro, "A Juventude Diante do Sexo", veio a partir de um artigo de capa para a revista "Realidade" sobre o comportamento sexual da juventude que passava por profundas modificações.

Seu último livro publicado foi o "Meio século de Psicoterapia". Atualmente, estava revisando para reedição a obra "Respiração, Angústia e Renascimento".

Seu último prêmio foi do International Academy of Child Brain Development,do Institute for the Achievent of Human Potential, decorrente de um trabalho recém concluído sobre o desenvolvimento físico, cerebral e emocional das crianças.

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via FOLHA.com

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Opinião

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Opinião Independente É fácil viver no mundo conforme a opinião do mundo: é fácil na solidão viver conforme a própria opinião; mas grande homem é o que, no meio da multidão, conserva com plena serenidade a independência da solidão.

Ralph Waldo Emerson, in 'Ensaios'


via CITADOR

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

COMO CORTAR TEXTO

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Como cortar um texto - via revista LÍNGUA PORTUGUESA
Dizer o essencial se compara à poda de uma árvore: aparar o excesso é sempre revigorante

Braulio Tavares

Escrever é cortar, disse um escritor que sabia do que falava. Isso assusta principiantes, a quem o difícil é produzir algo. Sofrem do problema de Kafka: "Quando finalmente consigo colocar uma palavra no papel, não tenho senão esta, e todo o esforço recomeça". Esse problema, contudo, só afeta metade da população. A outra metade é uma cachoeira ininterrupta de texto que se derrama sobre a página como uma comporta de Itaipu despejando um bilhão de litros de tinta por minuto e sem ter a menor noção de como chegar a um ponto final ou, quando o consegue, sem saber como voltar e reduzir essa extensão inesgotável de texto para atender aos telefonemas impacientes do editor que lhe faz a pior das ameaças: "Se não cortar, eu mesmo corto".

Aliás, poderíamos reescrever assim este último trecho:

"A outra metade é uma comporta de Itaipu despejando um bilhão de litros de tinta por minuto, incapaz de fazer ponto final ou de cortar algo, mesmo quando o editor ameaça: - Se não cortar, eu mesmo corto".

Caímos de 78 palavras para 38, e o essencial foi dito.

Procura
A primeira versão de um texto pode ser cortada sem perda de substância, porque a substância, o que o autor quer dizer, nem sempre está claro em sua mente no primeiro momento da redação. Todo mundo escreve procurando. Escreve reproduzindo com palavras uma série de impulsos mentais desencontrados. Ninguém concebe uma frase pronta, definitiva, reluzente, intocável. Frases desse tipo geralmente levam quinze minutos de poda e polimento. No máximo, podemos imaginar que o autor pensou, pensou, e quando se sentou para escrever já escreveu a frase definitiva; mas a poda e o polimento existiram do mesmo jeito.

A maioria das pessoas escreve de improviso, ou seja, vai verbalizando as ideias à medida que elas lhe ocorrem. Escrevem, como se dizia, "ao correr da pena". Nossas ideias, principalmente as ficcionais, nem sempre nos surgem sob a forma de palavras específicas. É mais comum que nos surjam como fragmentos de situações narrativas, cenas semivisualizadas, vontade de dizer certas coisas, de registrar emoções, narrar vislumbres de coisas não acontecidas... Sabemos mais ou menos o que deve acontecer, sentamos diante do teclado e o resto é improviso. Como esperar que desse improviso já brotem as melhores frases? Após o esforço inicial de trazer as coisas para o papel, começa outro esforço para tornar essas coisas mais parecidas com o que tínhamos em mente de início. Quando não sabemos o que estamos pensando, escrevemos pouco, as palavras pingam de uma em uma. Quando sabemos demais, não há dedos nem teclas que bastem. Já temos tudo pronto na mente mas é preciso cumprir essa tarefa exasperante de digitar as letras de uma em uma!

Começo
O que cortar? Uma das primeiras coisas é cortar aqueles fragmentos do discurso que não dizem nada mas que nos ajudam a manter o fluxo verbal. Coisas como "Para não falar de....", "antes de mais nada...", "acima de tudo...", "não é preciso dizer que...", "é interessante notar que...". Para que serve isto? Para o mesmo que serve o nosso "hããã..." ou "humm..." quando estamos respondendo algo em voz alta: para emitir diante do interlocutor uma falsa verbalização enquanto a verbalização verdadeira está sendo processada em outro setor da mente. Serve para dizer algo como "calma, não parei de falar, a vez ainda é minha, daqui a pouco direi algo que faz sentido".

E as enumerações? Quando enumeramos, tendemos a sair enfileirando detalhes, minúcias, fragmentos, exemplos, imagens, aspectos, até que um abençoado "etc." estanca a hemorragia. Mais outra: sinônimos. É muito comum a gente escrever algo como:

"Precisamos de uma sociedade mais justa, mais humana, mais equilibrada, mais democrática, mais sadia, mais igualitária..."

Tipos de texto
Estamos procurando a palavra que exprime melhor nosso sentimento, e fazemos uma lista dessas palavras no correr do texto. O momento de achar essa palavra é depois, na revisão; e cortar o restante.

Num artigo de ideias é bom chegar a uma prosa enxuta, com variedade de ideias, não de vocabulário. Uma prosa que diga as coisas com precisão, e, quando elas têm de ser imprecisas, que sejam ditas com uma imprecisão deliberada. No caso de textos literários, o momento de cortar é também um momento de saber que tipo de efeito queremos produzir.

O texto literário nem sempre procura a limpidez. Às vezes queremos exprimir (por meio de um personagem ou narrador) uma maneira de dizer as coisas que é turva, ou prolixa, ou incoerente. Tudo bem, contanto que, ao sairmos do âmbito do personagem, essas qualidades fiquem lá com ele.

Já vi muitos autores dizerem que sentem pena de cortar os próprios textos; me identifico com os que cortam com prazer. São dois prazeres sucessivos: o de derramar no papel tudo a que temos direito, e depois o de tirar tudo que não serve mais. São como o prazer de jogar futebol na lama e depois tomar um bom banho. Um texto não é uma pintura a óleo onde o que não nos agrada pode ser coberto com novas camadas. Melhor vê-lo como um jardim. Os trechos que estamos cortando são coisas que vão comprometer o que queremos para esse jardim, seja o rigor ou a espontaneidade, seja a harmonia ou o contraste. Cortar é também uma forma de criar. Na escrita, o começo do processo parece com a pintura; o final parece com a escultura.

Sugiro ao leitor interessado neste tema que procure edições antigas de Tutaméia e de Sagarana, de Guimarães Rosa, pela Editora José Olympio, ou a edição das Sete noites de Jorge Luís Borges pela Max Limonad, para ver reproduções em fac-símile dos manuscritos originais, mostrando os numerosos cortes, consertos e remendos de dois escritores que sabiam dar peso e função a cada palavra.

Braulio Tavares é compositor, autor de Contando Histórias em Versos (Editora 34,2005).
btavares13@terra.com.br

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nobel de Literatura 2010

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Vargas Llosa, finalmente!

Ótima notícia: Mario Vargas Llosa ganhou o Nobel de literatura.

Agora, os amigos que preferem Garcia Márquez não têm como argumentar que Llosa não tinha o Nobel.

Sempre curti mais Llosa. Desde que li “A Guerra do Fim do Mundo”, virei fã. Gosto muito de “A Casa Verde” (1966) “Conversa na Catedral” (1969) e “Tia Júlia e o Escrevinhador” (1977), mas meus três livros favoritos dele são:



“Pantaleão e as Visitadoras” (1973)

História engraçadíssima sobre um militar, Pantaleão Pantoja, que recebe a missão de montar um puteiro na selva amazônica para aplacar a fúria sexual dos soldados, que estão atacando moças, velhas, bodes, e tudo que encontram pela frente.

Llosa narra a trama por meio de cartas oficiais e memorandos do Exército. De rolar de rir.


“A Festa do Bode” (2000)

Um dos livros mais assustadores que já li. Conta a história de Rafael Leonidas Trujillo, o sanguinário ditador da República Dominicana, e da trama para assassiná-lo, em 1961.

Llosa faz um retrato se um monstro que não poupava sequer seus colaboradores de humilhações e violência. Era impressionante a forma como Trujillo conseguia dominar pelo medo e a desconfiança, jogando um colaborador contra o outro.


“A Guerra do Fim do Mundo” (1981)

Meu livro predileto de Llosa. Narra a saga de Antônio Conselheiro e seu exército de beatos em Canudos.

Extremamente violento, o livro é um documento histórico fascinante e um relato surreal sobre a guerra religiosa no sertão. Leia a primeira página, e não dá pra parar.


FOLHA.COM via blog André Barcinski

Dia das crianças



via CHARGE ONLINE

Resgate de mineiros no Chile poderá ser antecipado

CRONICHETES

12/10/2010

Enquanto isso – na superfície - o filme “ Los 33” está quase pronto.... a mídia usa, abusa e se lambuza das “últimas notícias”.... parte da família dos soterrados disputa a ferro e fogo, o melhor cachê. A qualquer momento mais escavações. [AS]

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Morre EURICO BIVAR

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7 de outubro de 2010 às 12:35

Artista plástico Eurico Bivar morre vítima de latrocínio dentro de casa

O corpo estava no corredor da casa, com um cinturão em volta do pescoço. Vizinhos notaram falta de objetos

Eurico Bivar (Foto: Blog Ipuense)

O corpo da artista plástico Raimundo Eurico Dibivar Lima, 60, o “Eurico Bivar” foi encontrado, pelos vizinhos, na residência dele, na rua Instituto do Ceará, no bairro Benfica, em Fortaleza, na manhã desta quinta-feira (7). Ele estava com um cinturão em volta do pescoço. O perito Jesus Sales constatou que a vítima foi assassinada por meio de asfixia mecânica.

Leia mais:
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Raimundo Dibivar morava só. Por volta de 21 horas de quarta-feira (6), ele foi visto chegando à casa dele sozinho. Na manhã desta quinta, os vizinhos estranharam o fato da porta da casa estar aberta. Uma vizinha o chamou várias vezes, mas não teve resposta. Ela e outros vizinhos resolveram entrar. O corpo do artista estava caído no corredor da residência.

Os vizinhos sentiram falta da carteira, com dinheiro e documentos; de um computador e de um televisor, caracterizando latrocínio (assalto seguido de morte). Devido ao estado de rigidez cadavérica, o artista plástico deve ter sido assassinado ainda na noite de quarta-feira (06).

Os policiais da Divisão de Homicídios iniciaram as investigações sobre o crime. Os vizinhos foram ouvidos preliminarmente, entretanto devem comparecer à DH, para fornecer descrições físicas das pessoas que costumavam frequentar a residência de Raimundo Dibivar. Dessa forma, será possível confeccionar os retratos falados dos suspeitos.

Redação Jangadeiro Online, com informações da repórter Emanuella Braga

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Eurico Bivar era nosso professor de teatro no SESC - FORTALEZA [AS]

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Elas são falsas

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via blog do PRATES

"As mulheres, e alguns homens, estão se destruindo por nada. Mulheres que se deixam levar pelos modismos e pelas exigências estúpidas de um mundo que não deu certo e que, a passos largos, caminha para o abismo das depressões, das loucuras e dos suicídios. Nunca tanta gente se matou quanto hoje.

Falo dos modismos para ficar bonita. No passado, você via a foto de uma atriz, de uma mulher, de uma moça qualquer numa revista e a admirava, a desejava. A mulher era aquilo que ali estava. Se era linda, era linda. Hoje, não.

Hoje é tudo mentira. Você abre uma revista, tipo Playboy, por exemplo, e não acredita mais no que vê. É tudo foto retocada, de photoshop, como se faz hoje.

Bom, não vamos longe. Essas fotos das mulheres candidatas que andam por aí, nas paredes, nos postes, tudo falso. Você encontra a pessoa “ao vivo” e leva um choque _ meu Deus, preciso de óculos! Não, não precisa, é aquilo mesmo.

E diante das exigências de beleza, uma modernidade só para mulheres, as meninas, desde pequenas, passam fome, vestem-se como palhaças já visando a conquistar um bermudão. Bah, que horror! Como se o tipo valesse a pena.

E essa luta pelas aparências está levando multidões ao endividamento, por exemplo. Já falei disso aqui. Tenho andado pelas empresas falando disso, das necessárias habilidades de as pessoas conviver bem com o dinheiro. Sem ele, nada somos. Com eles, ainda que apenas no suficiente, já muitos enlouquecem. Não sabem o que fazer ou, pior do que tudo, descobrem que continuam pobres. Da pior das pobrezas, a da cabeça.

Ficar rico por dentro, ter uma boa cabeça, apurar o caráter, ser pessoa digna de confiança, amigão daqueles confiáveis, ah, isso não, isso é para trouxas. O que vale são as aparências, tudo aparências. Amigos de aparência, “doutores” de aparência, cônjuges de mentirinha, tudo falso, mas o que importa é passar a imagem de gente fina, boa.

Passe pela farmácia e pergunte ao farmacêutico o que ele mais tem vendido. Vai dizer que são antidepressivos, ansiolíticos, “eretores” artificiais de potência masculina, tudo de acordo com a modernidade. É preciso parecer ser. Ser é para os santos…

Não acredite naquela lindona ali do poste ou do outdoor, ela é falsa. Quer-lhe passar a perna. No bom sentido, é claro. Ou seria no mau…?"