sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Reciclagem de fraldas


Grã-Bretanha lança programa para reciclar fraldas descartáveis






Bebê com fralda (arquivo)

Cada bebê usa mais de 3,6 mil fraldas até aprender a ir ao banheiro




Várias cidades britânicas poderão adotar um esquema para reciclar milhares de toneladas de fraldas descartáveis usadas, transformando-as em produtos que vão de telhas a capacetes para ciclistas.


Metano extraído as fraldas é transformado em gás, usado para a geração de energia.


A primeira usina, em Birmigham, deverá entrar em operações em meados de 2010, e estão em discussão planos para outras instalações do tipo nas cidades de Manchester, Liverpool e Londres até 2014.


A usina de Birmigham, que custa o equivalente a US$ 17 milhões, deverá processar 36 mil toneladas de fraldas descartáveis por ano, de acordo com sua operadora, a empresa canadense Knowaste.


As fraldas contém plásticos, fibras, celulose e polímeros absorventes e, de cada tonelada de fraldas reciclada, podem ser extraídos 400 quilos de celulose e 145 metros cúbicos de gás, segundo a Knowaste.


Os bebês usam em média mais de 3,6 mil fraldas até que aprendem a usar o banheiro. Estima-se que um total de 800 mil toneladas de fraldas por ano - usadas por bebês e pessoas com incontinência - acabam em aterros sanitários na Grã-Bretanha.


Nesses locais, as fraldas podem levar até 500 anos para se decompor, segundo a Knowaste.


A empresa ressalta que os produtos criados a partir da reciclagem são seguros de usar. As fraldas que entrarem na usina serão retalhadas e lavadas. A polpa resultante será tratada quimicamente para que sejam desativados o gel absorvente e para a remoção do plástico.


A Knowaste já abriu usinas semelhantes no Canadá e na Holanda.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Livros eletrônicos

Leitor de livros eletrônicos gera polêmica
Fonte: Amigos do Livro

Estado.com - 13/02/2009 - Por Ana Freitas

Ler um livro em voz alta pode ser considerado pirataria? O novo aparelho que reproduz livros eletrônicos da Amazon, o Kindle 2, tem gerado polêmica no mercado editorial norte-americano desde seu lançamento por causa de uma função que faz algo parecido com uma leitura robótica dos livros eletrônicos.

A ferramenta, que está na segunda versão, é uma espécie de "iPod dos livros". O Kindle 2 reproduz na tela uma versão eletrônica de um livro comprado pelo usuário no próprio site da Amazon.com.

Como gadget também é capaz de "ler" em voz alta o texto do e-book, isso causou controvérsia entre editores e agentes literários nos EUA. De acordo com o Wall Street Journal, o presidente do sindicato dos autores, Paul Aiken, afirmou que comprar o livro eletrônico e instalar no aparelho não dá ao usuário o direito de ouvi-lo em voz alta, em áudio.

Segundo ele, essa reprodução configura "um direito de reprodução auditiva, que está previsto na lei de direitos autorais". De acordo com o advogado Rony Vainzof, especializado em direito eletrônico e autor de livros sobre o tema, no Brasil uma situação como essa dificilmente caracterizaria violação dos direitos autorais.

O tudo que eu conto - Carlos Roberto Vazconcelos

FINS D´ÁGUAS

...não narrei nada à toa: só apontação principal, ao que crer posso. Não esperdiço palavras. Esse fraseado de Riobaldo, personagem de Grande sertão: veredas, bem serviria de epígrafe para o livro Fins d’águas, de Genuino Sales. Nem tirar nem pôr. Consistiria em pecado, assim como nas Sagradas Escrituras. Não se muda um til.

A escrita é límpida porque oriunda de mãos artesãs, com vasto tirocínio nos meandros da palavra. Esse envolvente livro é o sertão contado em miúdos. Sente-se o cheiro da terra como nas canções de Gonzaga e Humberto Teixeira.

Fins d’águas é livro de hoje e de amanhã. De hoje, pela atualidade da concepção, da tessitura, e é póstero pelo registro sutil, mas vigoroso do universo sertanejo, pelo testemunho humano e testamento lingüístico. Trabalha no campo da tradição. É documento de memória, legado fundamental para o acervo do inolvidável. Se o autor não engendra palavras, feito Guimarães Rosa, prima por incorporá-las à memória coletiva e resguardá-las das intempéries.

O livro é telúrico, mas com um teor profundo de universalidade que só os grandes mestres são capazes de conceber. De suas páginas jorra um manancial de palavras e expressões genuinamente nordestinas. Não cabe aqui a obsoleta discussão regional x universal. O autor é consciente do seu testemunho (quase dizia protesto), não se rende a facilidades, prefere os valores superlativos.

Não que tenha a deliberada intenção do combate, da ruptura contra a cultura globalizada (não é do seu feitio), mas simplesmente detém a plena vocação para o telúrico (e isto não é pouco), provando que sertão é (mesmo) dentro da gente. Fosse essa prosa lançada em plena geração de 30, estaria consagrada aos altos píncaros. Sendo lançada hoje, não é tardia, mas reabilitadora de um universo real, autêntico, co-existente com a cultura massificada.

Fins d’águas é obra fotográfica, não pela gratuidade descritiva, mas pela arquitetura minuciosa do ambiente regional e seu folclore, que impregna a memória ou o imaginário do leitor.
Genuino Sales transpõe para o papel a dicção inconfundível do exímio contador de causos que é, e adiciona a este predicado o estilo primoroso, esmerado, sem deixar de ser espontâneo.

A sensualidade empresta leve tempero a várias das narrativas (...os peitos vazavam do corpete e mostravam-se no busto como duas peças milagrosamente torneadas, com bicos morenos endurecidos pelo contacto da brisa.) O erótico e o humorístico se revezam, às vezes até se misturam, como no final do conto Nanico. A galeria de tipos talhada com precisão atesta a medida humana da obra. A violência, a religiosidade, o sobrenatural, o lírico, definem a tônica desse universo fantasticamente real que é o sertão. O sertão de Rosa, de Rachel, de Graciliano, o sertão genuíno. Podemos terminar como iniciamos, dando voz ao Riobaldo: o tudo que eu conto, é porque acho que é sério preciso.

Carlos Roberto Nogueira de Vasconcelos, autor de Mundo dos Vivos (ganhador do prêmio Clóvis Rolim de Contos, pela Academia Cearense de Letras-2006) e A Inquietude da Busca (poesia), ambos inéditos.
carlosvasconcelos@sesc-ce.com.br

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Felicidade - Cara limpa

LUIZ CARLOS PRATES
Cara limpa - Diário catarinense - 17/2/09


O que há? Quais são os limites? O que garante felicidade? O que é felicidade? É visível que há um desnorteamento existencial mais ou menos coletivo na sociedade de hoje. Você passa por uma pessoa bem-vestida, com ar de elegância, que mora numa boa casa, que tem família etc etc e fica sabendo que ela anda mordendo os cotovelos. Transtornada, faz análise, toma comprimidos, diz-se em depressão e isto e aquilo. Não, não, leitora, não pense que exagero, você não imagina o que ouço e sei de muitas pessoas da boa. Estou dizendo o que digo porque estava deixando passar uma notícia que não deve ficar assim, por isso mesmo.

Já falei aqui do Fábio Assunção, 40 anos, um guri, rico, famoso, ator de novelas da Globo, tudo, tudo mesmo para ser feliz. E não é. Não posso crer que um sujeito como o Fábio, que agora está em recuperação da dependência de drogas, possa ser feliz. Mas que diabos, o que é que podia estar faltando na vida do Fábio? Quantos gostariam de ter a metade do que ele tem? A notícia que eu ia deixar passar é do Michael Phelps, o nadador americano que ficou com problema de coluna tamanho o peso das tantas medalhas de ouro que ganhou na Olimpíada da China. Phelps foi pego fumando maconha. Maconha, aqui como nos Estados Unidos, é cigarrinho proibido. E se é proibido, não se discute, o cara que o fumar está fora da lei.

Agora me diga, por que diachos o Phelps andava com a erva do diabo nos beiços? Andava infeliz? Sim porque o sujeito costuma ir em busca das drogas quando se vê por baixo, sem graça, autoestima lá na sola do sapato, infeliz, enfim. Claro que há, neste momento, um bando de bermudões me dizendo que sou um careta, que estou errado, que isso e aquilo. Ora, vão lamber sabão. Fico buzina da vida com pessoas que têm tudo e não se dão conta disso.

Feliz, feliz quem o é na vida? Felicidade são nuvens passageiras, quando começamos a apreciá-las, esfumam-se. Será que ninguém pode passar algumas horas sem admitir um aborrecimento, um sapato apertado? A insônia tem que ser esgrimida com comprimidos, esperar pelo sono, entreter-se com uma arte, livro, filme, conversa com um amigo, com a mulher, com o marido, com o cachorro, não, isso não.

Para os frouxos, o sono está num comprimido. A saída para a angústia está em outro comprimido, e assim o pessoal sem ânimo nem alma se entrega. Se os ricos, famosos e bonitos andam se drogando, o que pode sobrar para um sujeito anônimo, pobre e feio? Para esse, muitas vezes, sobra a verdadeira felicidade: a cara limpa.

Medo - Bandido

Medo
Está tudo errado. Exemplo? Bandido tem que voltar a ter medo da polícia e da aplicação da lei penal. Ter medo, eu disse. As notícias de todos os dias arrepiam. Os bandidos estão fazendo barbarismos, entram rindo nas delegacias e horas depois estão na rua. Ah, esses caras têm que voltar a ter medo. Muito medo. E eu sei como... Prates, no Diário Catrarinense, hoje.