segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Português :: Vírgula :: notAS


Mais uma morte

Por Paulo Ramos

Mais uma morte, numa semana marcada por perda de personalidades.

O UOL noticiava hoje a morte do repórter-fotográfico Bernie Boston, ocorrida na terça-feira.

Boston ficou conhecido por ter registrado um jovem depositando flores nas armas de soldados em protesto contra a Guerra do Vietnã.

Trecho da matéria:

- Sua fotografia "Flower Power" concorreu ao Prêmio Pulitzer, e foi tirada em um protesto pacifista em Washington no dia 22 de outubro de 1967

Comentamos não faz muito tempo sobre frases ligadas pela conjunção "e".

Se tiverem o mesmo sujeito, não se usa vírgula.

Era o caso. As duas orações do período dividem o mesmo sujeito, "sua fotografia". Sem vírgula, portanto:

- Sua fotografia "Flower Power" concorreu ao Prêmio Pulitzer e foi tirada em um protesto pacifista em Washington no dia 22 de outubro de 1967

Um abraço,
Paulo Ramos

sábado, 26 de janeiro de 2008

COMUNICAÇÃO - Pare de falar sozinho

comunicação, relacionamento interpessoal, diálogo, felicidade

Por Eugenio Mussak
Formatação: Airton Soares


FALTA É DIÁLOGO

Vivemos num mundo em que os povos não se entendem, provocando grandes conflitos, e costumamos ouvir que o que falta é diálogo. Se olharmos ao nosso redor, também encontramos uma série de pequenos conflitos, pessoais e profissionais, sobre os quais podemos fazer o mesmo comentário: falta diálogo. Uma interessante lição sobre esse assunto pode ser encontrada, curiosamente, em um texto de biologia. No livro A Segunda Criação, de Ian Wilmut (Editora Objetiva), há uma refl exão pra lá de perturbadora.


O DIÁLOGO ENTRE O GENES E O AMBIENTE

Esse geneticista britânico, que é um dos criadores de Dolly, a ovelha-clone, afi rma que os genes não operam isoladamente: “Eles estão em diálogo constante com o resto da célula, que, por sua vez, responde a sinais de outras células do corpo, que por sua vez estão em contato com o ambiente externo. Esse diálogo controla o desenvolvimento do organismo (...). O diálogo entre os genes e o ambiente que os circunda continua depois que o animal nasce e durante toda a sua vida e, se ele não se processa corretamente, os genes saem fora de controle, as células crescem desordenadamente e o resultado é o câncer”.


SOMOS PRODUTOS DE UM PERMANENTE DIÁLOGO

Uau! Isso nos remete a uma segunda reflexão sobre o comportamento das pessoas. Seríamos nós, como sugere o texto, produtos de um permanente diálogo entre nosso interior e o mundo em que vivemos? Seria o ser humano um animal parcial, considerando que só controla parte de seu comportamento, estando a outra parte entregue à variação aleatória de um mundo em permanente transformação? Parece, sim! Nosso bem-estar, nossa produção, nossa felicidade não dependem só de nós, mas também do mundo e, como conseqüência, da qualidade do diálogo que estabelecemos com esse mundo.


CONDIÇÃO PARA FELICIDADE

Nesse sentido, a busca é pelo consenso — que, em última análise, é condição para a felicidade. Entender o mundo e me fazer entender por ele é o grande desafio. Ninguém deve ganhar esse diálogo, pois ele é um apelo de paz. Um grupo de trabalho só tem a ganhar com a disposição ao diálogo. Mas isso não funciona quando um apenas fala e o outro ouve. Lembro-me de um executivo que ficava quieto nas reuniões e um dia me disse: “Entre o monólogo com meu chefe, prefiro o diálogo comigo mesmo”.

Eugenio Mussak é professor do MBA da FIA e consultor da Sapiens Sapiens.@ eugênio@ssdi.com.br

Revista Você S. A. janeiro /2008


COMUNICAÇÃO - FALE MELHOR

comunicação, educação, empresas, informação, linguagem, oratória, poder, relacionamento, transdisciplinar

Fonte: revista Você S. A. janeiro /2008


Saiba como desenvolver a habilidade de comunicação para aumentar sua performance e o resultado da empresa


Por MÁRCIA ROCHA

Artigo adaptado por Airton Soares


EXPOSIÇÃO E RELACIONAMENTO COM DIFERENTES PÚBLICOS


“À medida que se progride profissionalmente, as habilidades sociais e políticas ganham mais destaque que a qualificação técnica e operacional”, diz José Antônio Rosa, da I&Jr, empresa especializada em desenvolvimento de pessoas e consultoria empresarial, de São Paulo. Isso ocorre porque está evidente para as organizações que a performance de um profissional, especialmente os de nível executivo, e o resultado que ele gera para o negócio dependem fundamentalmente de como se expõe e se relaciona com os diferentes públicos da corporação (clientes, fornecedores, comunidade, governo, filiais de outros países etc.). Seja qual for seu cargo.


QUEM SE COMUNICA BEM SE DIFERENCIA

Aprenda outras línguas. Prepare-se. Você pode ser chamado para conduzir uma reunião no lugar do chefe, participar de uma teleconferência com acionistas da empresa ou apresentar um projeto na matriz — em outro país. Oportunidades de exposição não faltam. É preciso ocupar esses espaços e se tornar hábil para se expressar em vários meios e de várias formas — pessoalmente, por telefone, via email. “Aliás, o meio escolhido tem influência sobre a mensagem. Senão, a comunicação fica truncada. E-mail e telefone, por exemplo, não são boas opções para cobrar um trabalho. O melhor é conversar”, diz José Ernesto Bologna, presidente da consultoria Ethos Desenvolvimento Humano e Organizacional de São Paulo. Carlos, da GE, tem esse tipo de sensibilidade. Quando percebe que o papo por e-mail pode virar mal-entendido, convoca uma reunião. E isso, às vezes, significa marcar uma teleconferência, já que grande parte da equipe fica fora do país. “O fato de conhecer todos pessoalmente torna a conversa por telefone mais fácil”, diz.


APRESENTAÇÃO EM PÚBLICO

Reinaldo Passadori, diretor do Instituto Reinaldo Passadori de Comunicação Verbal, de São Paulo, que tem 350 organizações como clientes, conta que 37 “novas” empresas procuraram o instituto para treinar seus funcionários, também gerentes em sua maioria, durante 2007. Quem participa desse tipo de curso aprende a fazer apresentações em público, conduzir negociações, dar treinamentos e liderar reuniões. Ou seja, experimenta situações em que tem uma platéia para mobilizar. Aprende também a lidar com o medo de errar. “Em uma apresentação em público ou em qualquer outra situação em que você interage com alguém, se desculpe pelo erro e siga em frente”, diz Reinaldo. Se você não fizer isso, vai chamar mais a atenção para seu tropeço e, pior, atrasará a atividade em que estiver envolvido.


SE EXPOR É BEM DIFERENTE DE ATROPELAR PESSOAS

Coloque limites aos movimentos que você fizer para aparecer mais. Se expor é bem diferente de atropelar as pessoas, na ânsia de se exibir. Esse é o lado caricato da comunicação e do marketing pessoal. Ser reconhecido como alguém que tem competência para se comunicar leva tempo e tem a ver com criar seu espaço, dando suas opiniões, sugerindo novas idéias e procurando oportunidades pertinentes ao seu projeto de carreira para se expor.


PARA O TOPO É MAIS DIFÍCIL

Sobre o desafio de recuperar a reputação da empresa, uma pesquisa da Burson-Marsteller, consultoria americana de comunicação corporativa, feita em 2006, mostra que há muita expectativa que o presidente fique acessível à imprensa. Em outras palavras, em momentos de crise, apareça e fale mais, até a situação voltar à normalidade. O estudo ouviu 685 executivos de 65 países para saber as estratégias que devem ser adotadas, e para 18% deles seria interessante que o CEO se desculpasse publicamente. A expectativa de todos é que os líderes não apenas tomem as melhores decisões para virar o jogo, mas as comuniquem adequadamente de forma que cada empregado seja capaz de explicar em casa, aos vizinhos e amigos o que está acontecendo. “Essa comunicação em rede é delicada, pois basta um comentário errado feito por um funcionário para a família e os amigos e a imagem da empresa pode voltar a ser prejudicada”, diz Francisco de Carvalho, presidente da Burson-Marsteller no Brasil.


NO SEU DIA-A-DIA

A comunicação cotidiana é tão importante e delicada quanto nesses momentos de crise. Nada mais usual (e complicado) do que um feedback. Ao ganhar uma equipe, surge a necessidade de orientá-la, comunicar metas, explicar processos e alinhar expectativas e estratégias. Tendo sempre cuidado para não quebrar o que se chama de contrato de confiança. Caso contrário, a interação entre o gestor e o time pode se tornar inviável. A recomendação para as situações corriqueiras do escritório, como feedback, reunião semanal ou a orientação de um novo projeto, é adotar a síntese e estar disposto a ser um bom ouvinte.


O PODER DE RESUMIR

O poder de resumir, de ser objetivo, torna qualquer discurso mais eficiente. diz o psicólogo José “Quem consegue ir além da análise e sintetizar os fatos prende a atenção das pessoas”, Ernesto Bologna. Na Procter & Gamble, quem quiser apresentar um projeto deve ser capaz de escrevê- lo em uma página. Para que ninguém se atrapalhe, é oferecido um treinamento de linguagem escrita dos negócios. “A habilidade de sintetizar exige conhecimento, capacidade analítica e visão de longo prazo e está incluída em uma das competências que nossos funcionários devem ter”, diz Carlos Relvas, diretor de RH da P&G.


HABILIDADE DE SER TRANSDISCIPLINAR

José Ernesto explica que sintetizar tem a ver com foco e com a habilidade de ser transdisciplinar, de saber relacionar diferentes níveis de realidade e de pontos de vista. Parece complicado? Realmente, não é fácil. O advento da internet anulou o ditado “quem tem informação tem poder”. Para Vinton Cerf, que é considerado um dos pais da Web e é um dos VPs do Google, o correto é “quem compartilha informação tem poder”. Hoje, todos têm acesso a qualquer informação, o que gera um interlocutor muito mais difícil de ser convencido.



É PRECISO LER E ESTUDAR MUITO

Para Vinton, o grande desafio é encontrar o que tem relevância. E não basta apenas saber manejar as ferramentas de busca que filtram e organizam os conteúdos da rede. É preciso ler e estudar muito para desenvolver o senso crítico. Por esse motivo, além de jornais e revistas, abasteça sua biblioteca com livros sobre filosofia, religião e artes, três grandes áreas do conhecimento. E estude sempre.


SABER OUVIR

Em relação a saber ouvir, coloque- se no lugar dos outros, modulando seu discurso de acordo com seu interlocutor em uma conversa ou negociação. Uma pessoa com essa qualidade geralmente é boa observadora e tem habilidade para ler nas entrelinhas e compreender a linguagem não-verbal, descobrindo pistas que deixam o discurso mais efetivo.

TREINAR... TREINAR


Para conseguir mexer com as pessoas dessa forma, usando apenas as palavras, sintetizar o discurso, ouvir bem, dar feedback, persuadir parceiros, entusiasmar equipes, impressionar acionistas e satisfazer clientes em uma apresentação, além de conhecer as técnicas que melhoram a comunicação, a receita é treinar, treinar, treinar. Em outras palavras, aparecer, aparecer, aparecer.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Em Recife ou no Recife?


Fonte: UOL Educação

- O ex-ministro e ex-presidente do PT José Dirceu está sendo submetido a uma cirurgia nesta quinta-feira no Hospital Memorial São José, em Recife (PE), para implante de cabelos

Em Recife ou no Recife?

Há quem defenda uma forma, há quem defenda a outra.

Do ponto de vista lingüístico, tanto faz. O uso consagrou as duas formas.

O único senão é usar as duas possibilidades num mesmo texto, em especial o jornalístico.

Isso pode soar contraditório e causar um desnecessário estranhamento ao leitor, desviando a atenção do real foco da matéria, a informação.

No exemplo acima, seria interessante uniformizar título e reportagem.

Um abraço,
Paulo Ramos

Perfeccionismo


Fonte: revista Época
11/01/2008 Edição nº 504
Thiago Cid



"O principal desafio é aceitar que as coisas são imperfeitas"

O especialista Gordon Flett afirma que o perfeccionismo exagerado pode criar até problemas de saúde



"Faça sempre o melhor e nunca desista". "Acredite em você". Chavões motivacionais como esses bombardeiam as pessoas de todas as formas. Estão na TV, nas letras de música, nas palavras dos professores. O efeito deveria ser positivo, mas quase sempre não é. A sociedade contemporânea parece impor uma ditadura do desempenho perfeito e o resultado é uma legião de pessoas insatisfeitas. Para o psicólogo Gordon Flett, da cátedra de Psicologia e Saúde da Universidade de York, no Canadá, o que esses indivíduos ainda não identificaram é que o seu mal pode ser a própria busca pela perfeição. Em entrevista a ÉPOCA, Flett destaca os efeitos maléficos dos altos padrões de exigência e fala das possíveis origens desse comportamento.

ÉPOCA - Quem é o perfeccionista?
Gordon Flett - É aquela pessoa que deseja tudo absolutamente correto e não admite um único erro. É uma pessoa que se sente extremamente frustrada quando algo sai do planejado. Podem ser pessoas centradas no trabalho, em exames... Ou, em muitos casos, pessoas voltadas ao aperfeiçoamento pessoal.

ÉPOCA - Mas isso é necessariamente ruim?
Flett - É uma pergunta que me fazem freqüentemente. Da forma como avalio, pode ser recompensador em determinadas circunstâncias. Quando falamos de perfeccionistas, devemos distinguir aqueles que o querem ser em situações particulares, como um cirurgião ou editor que desejam atingir um nível excepcional, e aqueles que querem ser perfeitos em tudo: perfeitos em casa, aparência perfeita, filhos perfeitos. Torna-se um problema quando isso começa a consumir os relacionamentos, quando se usam estes altos padrões para avaliar aqueles com quem se convive. E claro, quando a busca excessiva pela perfeição transforma-se em problemas de saúde.

ÉPOCA - Então há diferentes tipos de perfeccionistas?
Flett - Sim. Há o auto-motivado, pessoas que agem assim por sua própria conduta para manter as altas exigências que eles mesmo se impõem. Esses dizem: "é importante para mim ser perfeito em tudo que faço". O segundo tipo é aquele que impõe o perfeccionismo a outras pessoas. Eles são muito exigentes com os outros e sua crítica causa problemas de relacionamento. E há o terceiro tipo de perfeccionismo, também chamado de socialmente imposto, que é a percepção de que os outros exigem a perfeição. Esses pensam que somente serão aceitos se forem os melhores. Daí a tristeza e o sentimento de que nunca agradarão ninguém porque as expectativas não param de crescer.

ÉPOCA - Qual o mais comum?
Flett - O auto-motivado é o mais distinguível por pessoas comuns. É a definição popular. Mas o perfeccionismo imposto socialmente é muito evidente também. O exemplo são relatos do tipo: "eu não quero ser perfeito por mim mesmo, mas os outros me impelem a ser". É um mundo que nos exige a perfeição, seja no trabalho, nos esportes, na aparência. É o mais destrutível e creio que seja tão freqüente quanto o primeiro.

ÉPOCA - E qual a incidência na população?
Flett - Nunca ninguém fez um estudo a respeito, mas, em termos gerais, está aparentemente crescendo. Pode-se dizer que é proporcional ao interesse crescente pelo tema. Um motiva o outro. É difícil dizer o quão comum é. Entre os universitários, é muito freqüente, e alguns estudos sugerem que entre este grupo de estudantes é tão comum quanto os não-perfeccionistas. Isso faz sentido para áreas que exigem altas perfomances. Está muito relacionado às conquistas individuais. Nunca fiz um estudo entre várias culturas, mas vejo que é recorrente em sociedades muito individualistas.

ÉPOCA - É um problema das sociedades modernas, então?
Flett - Você pode encontrar exemplos na história. Leonardo Da Vinci não terminava seus projetos e era rigoroso em tudo que fazia. No fim do século 19, a teoria clássica do perfeccionismo foi criada por Alfred Adler, que a desenvolveu depois ao longo da década de 1910 e 1920. Ele já refletia sobre a necessidade de alguns de compensar seus sentimentos de inferioridade tentando ser perfeitos. Na Era Vitoriana existia a imposição de um perfeccionismo moral. De você não era esperada outra coisa senão ser impecável em público. Podemos pensar que essa é a raiz de tudo: fazer as coisas certas em público.

ÉPOCA - O perfeccionismo é uma disfunção?
Flett - Ele está relacionado a muitas disfunções, como as alimentares - anorexia, bulimia -, ansiedade, depressão... Em níveis extremos, o perfeccionismo em si pode ser considerado uma disfunção. A pergunta é: quando isso se torna uma disfunção. Para mim, a resposta é clara. Quando interfere na satisfação pessoal ou das pessoas à volta. Ou quando impede que as pessoas avancem em seus objetivos. Um exemplo comum é uma pessoa com um projeto profissional que nunca o termina por achar que ele ainda não está bom o suficiente. É patológico quando torna difícil para alguém finalizar suas obrigações. Pode beirar a obsessão.

ÉPOCA - Então está relacionada a outras disfunções também?
Flett - Sim, está ligada a uma grande variedade de desordens, como ansiedade e depressão. Um caso típico é a depressão infantil, muito ligada à pressão imposta pelos pais para um desempenho sempre impecável. Causa disfunções alimentares e outros problemas de saúde, como estresse crônico. Perfeccionismo é um dos grandes causadores de estresse. E o estresse é sabidamente causador de vários problemas de saúde, como problemas de coração e imunidade baixa.

ÉPOCA - Em casos extremos, isso pode levar ao suicídio?
Flett - Temos vários casos confirmando essa conexão, especialmente naqueles em que o perfeccionismo é imposto socialmente. Existem muitos exemplos de perfeccionistas famosos que chegaram a este extremo. O número um é a escritora americana Sylvia Plath. Um outro exemplo é o chefe francês Bernard Loiseau. Sua história está contada em um livro chamado O perfeccionista.

ÉPOCA - E como um perfeccionista se vê?
Flett - Alguns possuem senso crítico e conseguem perceber que a imposição de desafios - o que é saudável - há muito se tornou contraproducente. Na América do Sul temos a cantora Shakira. Você pode ler na internet muitos relatos dela sobre seus problemas de relacionamento com as pessoas com quem trabalha. Mas uma grande parte dos perfeccionistas, aqueles narcisistas que pensam que são muito especiais, não têm o auto-criticismo e a sensibilidade para perceber que o "defeito"está neles. Mas geralmente os perfeccionistas tendem a ser muito auto-críticos. Eles sabem que estão exigindo muito e que ninguém pode ser perfeito, mas o controle disso escapa de suas mãos.

ÉPOCA - Mas que dizer uma confiança alta ou baixa em si?
Flett - Geralmente os perfeccionistas têm baixa auto-estima e pouca confiança. Eles se sentem incapazes e se esforçam muito para evitar o fracasso. Mas perder faz parte da vida. Exigências inatingíveis só geram frustração. Isso é o principal desafio para estas pessoas: aceitar que as coisas são imperfeitas, estranhas.

ÉPOCA - Mas o senso comum diz que os perfeccionistas são pessoas orgulhosas e arrogantes...
Flett - Você pode encontrar alguns que parecem não estar conscientes de suas atitudes e do impacto delas nas pessoas ao redor. Parecem querer irradiar perfeição. Nos EUA, acho que o melhor exemplo disso é a Martha Stewart. Seu lema é: "todos deveriam tentar ser perfeitos". Pessoas assim, competitivas, têm uma resposta muito negativa de seus interlocutores.

ÉPOCA - Há algum tratamento para o perfeccionismo que chega a níveis neuróticos?
Flett - Não sou um clínico, mas já fiz muitos trabalhos a respeito. Sidney Blatt, da Universidade de Yale, fez um estudo indicando que perfeccionistas precisam de um tratamento a longo prazo caso cheguem a um nível neurótico. Vêm de um estilo de personalidade - formada na infância - que levam a distorções de identidade. A pessoa se vê disforme, incompleta, inferior. Nesses casos, é preciso que a pessoa consiga se dar conta de que é preciso baixar os padrões. A chave é proporcionar às pessoas uma forma de responder criticamente às situações que independam da vontade. Precisa ensinar como reagir, por exemplo, quando um erro é cometido. É um aprendizado sobre como viver... Ensinar as pessoas como relaxar, já que o perfeccionismo tem uma ligação simbiótica com a ansiedade. Ensinar as pessoas a ficarem conscientes das suas ações e pensamentos, sem julgamentos, mas percebendo as oscilações de espírito, de ânimo. O problema é que se trata de pessoas muito independentes. A dificuldade é fazê-los enxergar que precisam de ajuda. Para aqueles que realmente precisam de ajuda, não buscar pode ser perigoso.

ÉPOCA - As famílias devem estar alertas para o problema?
Flett - Sei que a maioria dos perfeccionistas está sofrendo em silêncio. Quando uma pessoa se isola de outras e começam a surgir problemas de relacionamento, pode ser uma depressão qualquer. Mas se você analisar essa depressão, ela advém de um sentimento de inferioridade. Sinal de perfeccionismo. Às vezes, o que esta pessoa precisa é de uma mensagem: você não precisa ser perfeito. Uma coisa que pode indicar o problema e que é muito freqüente são poemas de pessoas que aparentemente não escreviam mas vêem naquilo uma forma de extravasar a angústia.

ÉPOCA - Um elogio pode ser poderoso então...
Flett - Com certeza. Alguém que tem um trabalho e precisa atingir padrões elevados de rendimentos pode desenvolver angústias por não ter uma recompensa merecida. É a exigência da perfeição sem retribuições. E isso é muito comum em um ambiente de trabalho. Barbara Streisand passou anos longe dos holofotes por causa de seu "medo de palco". O que é isso? A necessidade do elogio, embora muitas vezes os elogios existam em monte. Brian Wilson, dos Beach Boys, extremamente talentoso e bem sucedido, teve a mesma coisa. As pessoas pensam que precisam atingir o mais alto nível, e mesmo quando o atingem, aquilo não é suficiente.

ÉPOCA - Então o medo de palco é um sintoma de perfeccionismo?
Flett - Quem tem esse problema está tão focado nos possíveis erros que pode cometer que prefere evitar qualquer possibilidade. Muitas vezes as pessoas ficam tão abaladas que não conseguem ir para o palco, fisicamente.

ÉPOCA - Há medicamentos para o tratamento, como acontece nos casos de depressão?
Flett - Em termos de remédios, não existem tratamentos. Alguns psiquiatras crêem que remédios para ansiedade, com o intuito de proporcionar maior concentração, podem ser utilizados. Mas é algo indireto.

ÉPOCA - Qual a origem do perfeccionismo?
Flett - É um tipo de personalidade desenvolvida desde os primeiros anos. Fizemos um estudo com crianças de quatro anos e fomos capazes de perceber sinais de perfeccionismo. Pergunte a um perfeccionista desde quando ele o é e a resposta será: desde sempre, pelo que me lembro.

ÉPOCA - Mas é algo biológico, cultural ou ligado à criação?
Flett - É determinado por muitas coisas. Publiquei um artigo no American Psychological Association, em 2002, chamado Teoria Perfeccionista e Pesquisas para o Tratamento. Neste estudo desenvolvemos um capítulo sobre como as pessoas se tornam perfeccionistas. Elas podem chegar ao mesmo ponto por diferentes caminhos. Com certeza a família exerce um papel decisivo na formação da personalidade perfeccionista. Pressões impostas às crianças, comparações, tudo isso marca. Alguns estudos sugerem que pode haver um fundo genético, um componente hereditário, uma espécie de temperamento herdado.

ÉPOCA - O que o senhor está estudando agora?
Flett - Estou escrevendo um artigo para a próxima conferência da American Psychological Association sobre perfeccionismo em estudantes universitários, que são pessoas expostas a um ambiente propício para o agravamento dos sintomas. Também estou realizando estudos ligando o perfeccionismo a problemas de saúde, especialmente em pacientes cardíacos. Uma das coisas que afirmamos é que o perfeccionismo pode ter um papel no adoecimento das pessoas. Quando alguém realmente tem uma doença, o perfeccionismo pode piorar tudo. O sistema imunológico despenca. Por exemplo, uma pessoa competitiva, quando fica doente e não pode exercer seu trabalho, precisa de repouso. A vida desta pessoa está baseada em trabalhar duro, alcançar resultados. Ver-se privado disto é extremamente frustrante e pode agravar a própria doença. Se você é um perfeccionista e tudo vai bem em sua vida, isso não é tão ruim. Mas isso não é uma constante na vida.

ÉPOCA - O que é a pior coisa para um perfeccionista?
Flett - Uma humilhação pública, uma simples falha que pode ser superestimada. A relação entre perfeccionismo e vergonha é direta, especialmente para aquela pessoa muito voltada às pessoas ao redor.

ÉPOCA - Não somos todos um pouco perfeccionistas?
Flett - Creio que todos podemos ser, em determinados momentos. O ponto é saber distinguir as pessoas que o são em determinadas situações e as pessoas que o são em todas as circunstâncias da vida, nos hobbies, nas relações pessoais. A diferença está na sutileza entre as duas: gostaria de ser perfeito e tenho de ser perfeito.

ÉPOCA - O que o senhor aconselha a um perfeccionista?
Flett - As pessoas têm de se dar conta que talvez tenham um problema, que elas devem se abrir com alguém. Elas podem ficar surpresas com o benefício que um desabafo pode fazer, e com o número de pessoas que sentem as mesmas coisas que ela. Os perfeccionistas são muito mais propensos a buscar um livro de auto-ajuda do que auxílio profissional. Não ser perfeito é normal. Ser perfeito é anormal. Para as pessoas que acham que o perfeccionismo é saudável para eles, tenho duas perguntas: como estão os relacionamentos e como está a saúde? Não deve estar tão bem assim. E vocês vão ficar espantados ao perceber que a vida continua mesmo se algo não sair como planejado.

ÉPOCA - Sobre os livros de auto-ajuda, eles ajudam ou prejudicam?
Flett - O que percebemos é que os perfeccionistas são buscadores vorazes de informação. Eles preferem ler um livro e achar as respostas do que falar com alguém. Um livro pode ser útil para deixá-los mais conscientes dos problemas. Mas se eles não estiverem motivados a mudar, não ajuda. De qualquer forma, é bom ter informações em livros. O problema é saber em qual livro está esta informação válida.

Fábrica de bacharés


Por ROGÉRIO GENTILE
Folha de S. Paulo - 14/01/08

SÃO PAULO - Os dados do último censo universitário, recentemente divulgados, mostram que Fernando Henrique e Lula são cúmplices em um erro estratégico brutal: o país despeja todo ano no mercado toneladas e mais toneladas de profissionais para setores saturados, mas praticamente ignora as áreas carentes de mão-de-obra qualificada.


O direito é um caso exemplar. No primeiro ano do governo FHC, o Brasil tinha 235 cursos. No último, eram 599. Com Lula e o PT, o número de escolas pulou para 971!

Por conseguinte, há atualmente mais estudantes matriculados em faculdades de direito país afora do que o total de advogados habilitados (589 mil estudantes contra 571 mil advogados).

Na contramão do ensino, a indústria reclama da falta de técnicos qualificados, principalmente nas áreas de pesquisa, produção e desenvolvimento. Afirma que o problema restringe a competitividade e limita o crescimento.


Tal situação foi relatada por nada menos que 56% das empresas consultadas em sondagem realizada no ano passado pela Confederação Nacional da Indústria (cerca de 1.700 foram ouvidas no estudo). Ou seja, sobram empregos...

O ensino tecnológico, no entanto, que deveria suprir a demanda, quase não existe. De acordo com o censo, há somente 288 mil alunos matriculados no ensino técnico de nível universitário. Na comparação, portanto, há dois estudantes de direito no Brasil para cada um de curso tecnológico, considerando todas as suas áreas de ensino.

O pior de tudo é que a fábrica brasileira de bacharéis (ou de "pedagogos",

"administradores", "jornalistas"...) cresceu sem controle oficial, por meio da abertura indiscriminada de cursos particulares horrorosos, nos quais os diplomas servem apenas como prova evidente de estelionato. Com o que aprenderam, os alunos não passam nem mesmo no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).



FOOTURISMO



Por Airton Soares

Ontem, na TV, o ministro afastou o risco de uma possível epidemia de febre amarela. "Oh, esse pronunciamento temporão, que pica .... o cimo das minhas desconfianças. Sei não! Dois mil e quatorze vem aí. E, com ele, uma “febre amarela” `inafastável.´

O footuro a Nike pertence.

Hábito



Não é na novidade mas no hábito que descobrimos os maiores
prazeres

Radiguet, Raymond

Universidade deve se abrir para comunidade

Escrito por Cássia Gisele Ribeiro, do Aprendiz 11-Jan-2008

"O espaço universitário não deve ser visto como um local de passagem, mas sim como um centro de cultura e conhecimento. A faculdade não deve ser um lugar onde são lecionadas apenas aulas específicas do currículo, mas onde aconteçam exposições, atividades culturais e acadêmicas que enriqueçam a bagagem cultural da comunidade".

A constatação é do professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Luiz Eduardo Wanderley, que critica o modelo universitário adotado no Brasil. "As universidades estão formando de forma cada vez mais técnica e para profissões cada vez mais fragmentadas", diz.

O pesquisador defende a inserção de elementos da cultura popular na universidade, integrando esses elementos à ciência, uma proposta próxima às teorias de Paulo Freire. "Dessa forma, a universidade poderia ser um espaço não só para os membros da comunidade acadêmica, mas para toda a comunidade", diz, defendendo que a universidade também pode ser um campo para formação pessoal e profissional de outros tipos de trabalhadores.

Além disso, o palestrante defende a criação de cursos de educação a distância, que possam alcançar populações cujos cursos presencias não chegam. "Mas devem ser cursos sérios, com proposta pedagógica adequada, cujo objetivo seja incluir a população de regiões mais afastadas e não dar formação de má qualidade", explica.

Entretanto, Wanderley afirma que esse modelo de universidade aberta à comunidade não condiz com o atual modelo de ensino superior, que sugere a proliferação das universidades particulares, com cursos rápidos, nas quais apenas o fornecimento de diplomas é visto como objetivo.

"Esse modelo, entretanto, é o que vem pautando os interesses privados e governamentais", diz. "Para se ter idéia, participei de um conselho de aprovação da abertura de universidades na década de 1990, e entre 60 instituições, esse comitê aprovou apenas quatro. Trocaram o comitê e as outras instituições foram aprovadas", conta. "Agora, o governo paga para que alunos de baixa renda estudem nesse tipo de universidade", lembra do Programa Universidade para Todos (ProUni) do governo federal.

Segundo ele, mesmo a universidade pública atualmente não é pública de verdade, pois para uma instituição ser pública ela deve ser transparente, ter visibilidade e controle social – e as universidades públicas do país não funcionam assim.

"Se a instituição não possuir uma gestão minimamente democrática, ela não é pública", finaliza.

(Envolverde/Aprendiz)
-------------------
Extraído do Jornal
O Rebate , nº 101 - 4 a 11 de janeiro de 2008.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Decifrando palavras

Por Braulio Tavares,
do jornal da Paraíba – 13/01/08


Existem palavras cujo significado não sabemos mas que nos impõem respeito pelo seu tamanho, pela sua sonoridade. Autores como Augusto dos Anjos ou Guimarães Rosa jogam em nosso colo, a cada linha, um polissílabo
indecifrável, e nem por isso deixam de ser lidos.

É claro que outros autores de vocabulário igualmente rebuscado caíram num injusto esquecimento, como é o caso de Coelho Neto ou Emílio de Menezes, mas em todo caso a fama de uns e a obscuridade dos outros deve ser atribuída a um conjunto de fatores que vai além do simples vocabulário.
Augusto dos Anjos dizia muitas vezes coisas incompreensíveis, mas com uma tal precisão métrica e uma tal riqueza sonora no uso da rima que aquelas palavras pareciam não só inevitáveis, como obrigatórias.

O fato de não sabermos o que é “o cosmopolitismo das moneras” perdia importância diante do impacto melódico com que ele surge no interior da estrofe. Há um divertido poema de Pablo Neruda, “Orégano”, em que ele descobre essa palavra e se deixa fascinar por ela. Sai pelas ruas bradando: “Orégano! Orégano!”. À sua passagem as pessoas se espantam, e os leões se ajoelham aos seus pés. Toda palavra nova que descobrimos é uma palavra mágica, capaz de gerar prodígios.

Uma palavra vale como signo total da coisa que representa. No seu célebre poema “Liberdade”, Paul Éluard dizia: “E pelo poder de uma palavra / eu recomeço minha vida / eu nasci para te conhecer / para te nomear: / Liberdade”.

Pelo poder de cada palavra existente podemos evocar seu sentido direto, seus significados secundários, suas nuances, suas associações de idéias... Mas acima de tudo podemos evocar significados impossíveis ou improváveis que brotam da sonoridade, da rima, da semelhança dessa palavra com outra. “Orégano” pode a uma pessoa lembrar “origem”, a outra pode lembrar “ébano”, a uma terceira pode lembrar “onagro” (jumento selvagem, ou uma espécie de catapulta militar antiga).

Guimarães Rosa, em “São Marcos”, tem um longo trecho sobre a magia sonora das palavras, que segundo ele, numa expressão que se tornou famosa, “têm canto e plumagem”, ou seja, se impõem pela sua força melódica e pela vividez de sua sugestão visual.

Augusto dizia que a idéia “vem do encéfalo absconso que a constringe”. Sabemos que encéfalo quer dizer cérebro (todo mundo já ouviu falar em “eletro-encefalograma”, etc.). “Constringe” é uma mistura de “constrange” e “restringe”, mas não deve ser invenção de Augusto, e sim uma variante híbrida dos dois termos.

O que diabo será “absconso”? Pelo contexto significa algo remoto, misterioso. Seu formato sugere que é formada de “ab + sconso”. “Sconso” ou “esconso” deve ser variante de “escondido” (assim como “canso” é variante de “cansado”). Em alguns segundos, numa leitura lenta, sem pressa, o encéfalo processa essas possibilidades, o texto entremostra seus segredos, apenas o bastante para que continuemos a explorá-lo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

As lágrimas e os sorrisos

62

Carmen patiño fernandes
(carmiña - españa)

Las lágrimas y sonrisas,
Son dos opuestos extremos,
Sí, nacemos entre risas...
¡mas, con llanto moriremos!

As lágrimas e os sorrisos
São dois opostos extremos,
Nós nascemos entre risos,
Mas dentre o pranto, morremos!

Cansaço :: Beijo

61

Aloísio alves da costa

O meu cansaço é tamanho,
Que na mesma caminhada,
Eu quase não acompanho
Minha sombra na calçada!
--------------------------

60
Vanda fagundes queiroz

A flor sentiu-se beijada
Pela chuva...e então sorriu!
Mas esta cena encantada,
Somente o poeta viu...

Vida enfadonha :: Praia

59

Orlando brito

Seria a vida enfadonha
Sem as dúvidas que tive.
Quem tem certeza não sonha,
E quem não sonha, não vive...
----------------
58

Reinaldo aguiar

É gostoso estar na praia
Ao claro céu de verão,
E sentir como se espraia
O prazer no coração!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Aposto

Notícia nova, caso antigo
Por Paulo Ramos
A notícia é do ano passado, mas só foi divulgada neste segundo dia de 2008:


- O apóstolo Estevam Hernandes, fundador da Igreja Renascer em Cristo deixou a cadeia nos EUA no dia 29 de dezembro e começou a cumprir a pena de prisão domiciliar.

A frase acima abria a reportagem, que circulou na Folha Online e ganhou chamada na capa do UOL durante a tarde.

Faltava uma vírgula no trecho.

Na frase, "fundador da Igreja renascer em Cristo" exerce função de aposto.

O aposto, quando explica algo, é marcado por vírgulas antes e depois do trecho.

É muito comum, no entanto, a segunda vírgula ser esquecida, como no exemplo acima.

Revendo a frase, temos:

- O apóstolo Estevam Hernandes, fundador da Igreja Renascer em Cristo, deixou a cadeia nos EUA no dia 29 de dezembro e começou a cumprir a pena de prisão domiciliar

Um abraço,
Paulo Ramos