quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bota o “16” no gol

Por Airton Soares

1966. 14 anos. 1ª Série. Colégio Fênix Caixeiral. Centro de Fortaleza. - Bota o “16” no gol!...- bota o “16” no gol! Na hora da formação dos times ficava feliz ao ouvir a gritarada dos colegas.

Mal sabiam eles que toda a minha eficácia como goleiro estava nas mãos - digo melhor- nos olhos de Sônia, minha paquerinha zarolha - que oftalmicamente me acolhia ao defender uma bola.

Me lascava todinho no chão e... ao levantar-me tinha a impressão de que eu era todo caco de osso pra todo lado, mas tudo bem! Em seguida, com ar em plenos pulmões, devolvia-lhe o gesto com postura de herói recém chegado da guerra.

Ah, aquele olhar...olhar morenoso, pidão! Melhor medalha não havia. Hoje, desconfio se Sônia realmente olhava em minha direção.

Mais tarde, soube que fizera operação para corrigir o desvio oftálmico. Não logrou êxito. Casou. Dois filhos. Dia desses passou por mim. Brotou novamente a desconfiança e com ela, a recordação: “- bota o “16” no gol”...bota o “16” no gol!


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