Airton Soares
Som tonitruante! Vidro traseiro do carro ostentava, em letras sólidas e agressivas, a palavra FUZILEIROS. O meu inconsciente, incontinenti, rastreia o responsável. Nada diria, uma vez encontrando-o. Só queria saber e ver a `figura´. Só isso!
Mentira! Queria mesmo era desmoralizar, esfregar na cara da `figura´ a minha razão... A minha inteira razão.
Tchan, tchan, tchan... Eis o réu à sua frente. Dedura minha amídala cerebral.
Um cara mondrongudo - se fosse mulher o adjetivo seria atlética - palitava os dentes. Com a outra mão tamborilava feliz a música “estileira” que se esparramava no restaurante onde sossegadamente, todos os dias, tomo meu café da manhã.
Minha raiva dispara pensamentos estritamente tribais. Já pressentia resquícios de ódio se posicionando para o ataque.
Som alto me tira do sério!
Trabalha na área de segurança de patrimônio do exército brasileiro, com certeza! E tem mais: onde já se viu uma coisa dessas.?.. E a disciplina?... Um militar! Que falta de... Fervilhavam meus pensamentos. Num átimo de tempo meu cérebro resgatara toda a atmosfera turbulenta dos “tempos de chumbo”. MORTES... TORTURAS... CUNHADA PRESA EM RECIFE... E o diabo a quatro.
Subitamente levanta-se o tatuado brother. Abre a porta do Fuzileiros e troca de CD. Enquanto o jovem voltava, não me contive. Perguntei meio entalado e pusilânime...
- Fuzileiro é uma banda? Educadamente respondeu:
- Não, Senhor, Fuzileiros é o nome de um ’estúdio’ de galo de briga. Trabalho nessa empresa.
- Ah! Obrigado... Respondi com semblante de ‘mané’. Pra sincero não falei o ‘obrigado’ nem o ‘ah. ’ Comuniquei apenas com gestos [O polegar pra cima e meneando a cabeça].
Não podia acreditar: há muito tempo estudando comunicação, conhecedor do estrago social que pode causar uma inferência, um subentendido e cometer bestamente este obstáculo à comunicação humana. É de lascar!
Depois de tudo isso, nem percebi mais a tonitruância do som. Paguei a conta e saí ruminando a sábia citação socrática:
“Qualquer um pode zangar-se - isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil”.
Quando cheguei a casa, imediatamente convoquei uma reunião com o meu ID e a cambada de EGO para uma conversa de pé de orelha.
A adrenalina, que apostava corrida nas veias, neste ínterim, começava a se recolher - já não era sem tempo - depois do curto, mas extremamente corrosivo diálogo negativo por mim vivenciado.
Lição aprendida. Mais um `causo´ para eu contar em meus cursos e palestras.
Som tonitruante! Vidro traseiro do carro ostentava, em letras sólidas e agressivas, a palavra FUZILEIROS. O meu inconsciente, incontinenti, rastreia o responsável. Nada diria, uma vez encontrando-o. Só queria saber e ver a `figura´. Só isso!
Mentira! Queria mesmo era desmoralizar, esfregar na cara da `figura´ a minha razão... A minha inteira razão.
Tchan, tchan, tchan... Eis o réu à sua frente. Dedura minha amídala cerebral.
Um cara mondrongudo - se fosse mulher o adjetivo seria atlética - palitava os dentes. Com a outra mão tamborilava feliz a música “estileira” que se esparramava no restaurante onde sossegadamente, todos os dias, tomo meu café da manhã.
Minha raiva dispara pensamentos estritamente tribais. Já pressentia resquícios de ódio se posicionando para o ataque.
Som alto me tira do sério!
Trabalha na área de segurança de patrimônio do exército brasileiro, com certeza! E tem mais: onde já se viu uma coisa dessas.?.. E a disciplina?... Um militar! Que falta de... Fervilhavam meus pensamentos. Num átimo de tempo meu cérebro resgatara toda a atmosfera turbulenta dos “tempos de chumbo”. MORTES... TORTURAS... CUNHADA PRESA EM RECIFE... E o diabo a quatro.
Subitamente levanta-se o tatuado brother. Abre a porta do Fuzileiros e troca de CD. Enquanto o jovem voltava, não me contive. Perguntei meio entalado e pusilânime...
- Fuzileiro é uma banda? Educadamente respondeu:
- Não, Senhor, Fuzileiros é o nome de um ’estúdio’ de galo de briga. Trabalho nessa empresa.
- Ah! Obrigado... Respondi com semblante de ‘mané’. Pra sincero não falei o ‘obrigado’ nem o ‘ah. ’ Comuniquei apenas com gestos [O polegar pra cima e meneando a cabeça].
Não podia acreditar: há muito tempo estudando comunicação, conhecedor do estrago social que pode causar uma inferência, um subentendido e cometer bestamente este obstáculo à comunicação humana. É de lascar!
Depois de tudo isso, nem percebi mais a tonitruância do som. Paguei a conta e saí ruminando a sábia citação socrática:
“Qualquer um pode zangar-se - isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil”.
Quando cheguei a casa, imediatamente convoquei uma reunião com o meu ID e a cambada de EGO para uma conversa de pé de orelha.
A adrenalina, que apostava corrida nas veias, neste ínterim, começava a se recolher - já não era sem tempo - depois do curto, mas extremamente corrosivo diálogo negativo por mim vivenciado.
Lição aprendida. Mais um `causo´ para eu contar em meus cursos e palestras.
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