terça-feira, 25 de setembro de 2007

Confesse sua ignorância


Pinóquio - Enrico Mazzanti - 1883


Airton Soares


ASK NO QUESTIONS AND BE TOLD NO LIES.
não faça perguntas e não lhe dirão mentiras.


Ontem lia, relia e treslia o provérbio acima e não conseguia comentá-lo. Sabe aquela palavra ou frase que você entende, mas não sabe explicar? Pois essa é uma das tais. Mas hoje, sem ver-nem-pra-quê, um estalo visitou meu juízo e tenho a impressão de que agora a explicação sai. Não sei se convincente, mas sai.

É impressionante como temos dificuldade em dizer “não sei”. Parece que cometemos alguma espécie de crime quando confessamos nossa ignorância. Quer ver um exemplo bem simples e que ocorre com muita freqüência?

Quando estamos procurando um endereço, ao abordamos uma pessoa, esta dificilmente diz desconhecer o que lhe foi perguntado. Sem nenhum escrúpulo aponta pra qualquer direção. Tenho por hábito perguntar, no mínino, a três passantes, pois já passei por cada uma!

A coisa complica quando o nosso papel profissional é relevante e exige de nós respostas prontas na ponta da língua. Agora, me veio à memória a passagem de um livro sobre gerência. O autor recomendava ao chefe, num evento festivo, não se aproximar de um grupo de subordinados porque correria o risco de alguém lhe fazer uma pergunta e este não saber respondê-la.

Terrível! O livro em tela, que não recordo título nem autor, foi escrito nos anos setenta. De lá pra cá, esse contexto mudou bastante, mas ainda percebemos às claras, profissionais inseguros, fugirem de aglomerações de subordinados, como o cão foge da cruz.

Para finalizar essa crônica, não encontrei pessoa mais oportuna do que o grande poeta e filósofo alemão, Goethe: "Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco. À medida que vamos adquirindo conhecimento instala-se a dúvida."

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