terça-feira, 25 de setembro de 2007

Não vá fazer estripulia


Airton Soares

Curtindo o Orós
Mês passado ministrei palestra na cidade de Orós e não poderia deixar passar em branco essa oportunidade! Foi aí que retroagi no tempo.


Olhe...! Olhe...!
Ipu-Ce. 1961... 62.... Por aí assim.
- “Mãe, deixa eu tomar banho no açude.”
- “Menino, tu só vai tomar banho no açude se tu não fizer por onde. Olhe! Olhe! Não vá fazer estripulia... Não faça por onde apanhar.” Quem passou a infância no interior do Nordeste ou quem tem raízes por lá, com certeza vivenciou essa expressão.

Fazer estripulia
Para nossos pais preconceituosos, fazer estripulia era fazer danação, coisa do ´demo´, mas pra nós, não passava de brincadeiras inocentes, mesmo àquelas consideradas por eles – pais - pecado mortal: brincar de casinha e de médico.

A etimologia
A criança está coberta de razão. Não é à toa que a etimologia da palavra `brinca´ ao seu lado. Estripulia vem do grego e quer dizer jocosidade inofensiva.

Demonstremos, pois:
Eu = `bem, bom´ e o verbo `trepó´= rodar, dar voltas. Daí eutrápelos significar ágil, versátil, leve de espírito, que pilheria agradavelmente.


Uma criança
Que faz estripulia é um incessante barulho coberto de poeira. Não tem por onde. Caso contrário estaria doente. Fazer estripulia é necessário para o desenvolvimento físico e intelectual da criança.

A propósito
Recentemente encontrei na internet uma empresa que em seu nome de fantasia se utiliza dessa palavra. “É por isso que a ESTRIPULIA BRINQUEDOS leva muito a sério a comercialização de brinquedos educativos, para que as melhores opções pedagógicas estejam à disposição dos educadores e pais.”

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