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Por Hélio Passos
DN,11/07/2010
Apesar de tudo o que já se escreveu sobre nosso maior escritor, acho que a biografia dele não está completa. Por mais exaustivas e minudentes que sejam nesse campo as pesquisas de R. Magalhães Júnior, de Plínio Doyle, de Luís Viana Filho, de Josué Montello, de Gondin de Fonseca, de Jean Massa, de J. Galante de Sousa, de Lúcia Miguel Pereira e de Alfredo Pujol, há pelo menos um ponto a ser ainda contado e esclarecido: -- o caso das joias que foram furtadas da casa do escritor, juntamente com documentos importantes, enquanto o mestre agonizava.
Daqui imagino o espanto dos machadianos, que propõem ter aclarado toda a vida do mestre, incluindo-lhe a memória póstuma. Joias furtadas, e de Carolina? Durante a agonia de Machado? E houve isso? Houve. Infelizmente houve, e nenhum dos seus biógrafos e pesquisadores - e não foram poucos - toca no assunto.
Quem lê o precioso livrinho de Francisca Bastos Cordeiro, minudente, objetivo e veraz, "Machado de Assis na Intimidade", fica com a impressão de que nada escapou à pena da escritora, ao relatar a agonia do romancista. Até mesmo os medicamentos que o Dr. Jaime Smith de Vasconcelos, médico do moribundo, mandou aviar na Farmácia das Laranjeiras.
Quanto ao furto das joias, nada nos diz. E aqui transcrevo a notícia que sobre o fato publicou "O País", de 6 de dezembro de 1908 (Machado morreu no dia 19 de setembro): "O advogado Dr. Francisco de Paula Monteiro de Barros, em nome de inventariante dos bens de Machado de Assis, requereu ao Dr. Fábio Rino, 3º Delegado Auxiliar, um inquérito, para apurar a quem cabe a responsabilidade do desaparecimento de joias e documentos que o mestre da literatura brasileira guardara carinhosamente até morrer. O inquérito foi ontem iniciado, depondo o Barão de Vasconcelos".
O inquérito jamais chegou ao final. O delegado ficou meio acanhado de ouvir as personalidades que estavam no velório do escritor, quando as joias devem ter sido roubadas, alguém se aproveitando do entra e sai de tanta gente importante e pessoas do povo. Tivessem aberto uma CPI, como se faz hoje rotineiramente, talvez chegassem a resultados surpreendentes. Até surpreendentes demais.
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