segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A leitura e seus significados

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20/2/2011

A leitura é fundamental para a compreensão do mundo em que se vive, visto ser ela um elemento básico de comunicação entre o homem e a sociedade. Vale ressaltar que não se está falando aqui de uma simples decodificação de letras, mas da relação que Paulo Freire define como a leitura de mundo e leitura da palavra

Helena Martins (1989) afirma: "Bastará, porém, decifrar palavras para acontecer a (verdadeira) leitura?" Para muitos estudiosos a resposta é não! De fato a compreensão daquilo que se lê depende do conhecimento de mundo do leitor. Como podemos assimilar algo que não conhecemos? Para que possamos imaginar situações diversas durante uma leitura, é preciso ter a noção daquilo que existe ao nosso redor. Daí a ênfase dada por Paulo Freire (1982) de que "a leitura do mundo precede a leitura da palavra." De modo sucinto, passamos a ler realmente quando somos capazes de perceber o real significado das palavras, quando elas passam a ter um sentido para nós. Assim, é natural inferir que a leitura vai além das letras. É comum, por exemplo, ouvirmos expressões como: "eu li no seu olhar que o dia estava péssimo."; "a leitura dos especialistas sobre o Brasil é de crescimento." Aqui fica claro que a leitura é vista como um processo de compreensão do mundo exterior a partir do mundo imediato de cada um, podendo ser despertado por um livro, um jornal, um programa de televisão, uma música, um gesto etc.

A ponte

Podemos passar muito tempo vendo diversas coisas ao nosso redor sem enxergá-las de fato, até que em um dado momento acontece um insight, uma "luz" em nossa consciência, que nos permite dar sentido ao que vemos. O mesmo acontece com a leitura de um texto. O que explica tal processo nada mais é do que a ocorrência de uma mudança em nós mesmos. Assimilamos no mundo algo que nos permitiu dar um significado àquele texto. O feeling do leitor agora é de poder dar um sentido àquelas palavras. Formou-se um elo entre o que se lê e o que se conhece.

Nesse contexto acerca da leitura com o mundo, é pertinente enfatizar, pois, o seu papel como um instrumento de acesso à cultura e percepção da realidade, haja vista possibilitar ela um grande passo rumo à cidadania. O indivíduo que é bem informado saberá não somente compreender os problemas sociais e embates políticos, mas também cobrar seus direitos. Já no século XIX, consciente disso, o poeta Castro Alves escreveu "O livro e a América", de que destacamos um fragmento: (Texto I)

Todavia, é necessário ressaltar também que, para que a leitura seja de fato um meio de crescimento do indivíduo na sociedade, é preciso que (e aqui concentraremos o nosso foco em nossa terra) o brasileiro adquira o hábito de ler e para tanto ele deve ser incentivado; e aí existe um campo que abre em caminhos os mais diversos. Nesse sentido, cabe o pensamento de Barbosa: (Texto II)

Percebe-se, portanto, que o hábito da leitura deve ser construído desde cedo, na base do aprendizado, o que infelizmente não ocorreu e, infelizmente, ainda não acontece em nosso país, por motivos os mais diversos - e estes passam por questões de ordem econômica, social, política e, principalmente, por conta de um valor apreendido por grande parte de nossa gente.

ANA NERY ALVES DANIEL
COLABORADORA*
* Do Curso de Letras da Uece

Frase

"O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu."
Luis Carlos Cagliari
Ensaísta

Trechos

TEXTO I
Filhos do sec´lo das luzes!
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão:
O livro - esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...
Eólo de pensamentos,
Que abrira a gruta dos ventos
Donde a Igualdade vooul...
Por uma fatalidade
Dessas que descem de além,
O sec´lo, que viu Colombo,
Viu Guttenberg também.
Quando no tosco estaleiro
Da Alemanha o velho obreiro
A ave da imprensa gerou...
O Genovês salta os mares...
Busca um ninho entre os palmares
E a pátria da imprensa achou...
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n´alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.

TEXTO II

Não se dispõem de fórmulas para garantir que a leitura seja compreensível e prazerosa. Sabe-se, entretanto, que há várias maneiras de dificultar a compreensão e o prazer na leitura: se orientarmos a criança para a concentração em detalhes visuais, se fornecemos fragmentos de textos incompreensíveis ou amontoados de frases sem real significado de comunicação, se exigimos que ela responda a questões após a leitura, se lhe pedimos para oralizar palavras em detrimento do sentido. Ou seja, o ponto comum de todas essas atitudes de ensino que dificultam a aprendizagem de leitura é a limitação da quantidade de informações não visuais a que a criança pode recorrer enquanto lê. Cultivar a leitura no interior da escola é uma atividade que requer dos professores e demais envolvidos neste processo um compromisso social para que possam estar fazendo um intercâmbio entre o saber sistematizado e o saber informal que o aluno adquire no decorrer da vida escolar. (p.138, 1994)

Fique por dentro
A leitura visão oficial

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas. (Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quatro ciclos de ensino fundamental; língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental - Brasília, MEC/SEF,1998, p.69-70)

fonte: jornal diário do nordeste

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