terça-feira, 25 de setembro de 2007

O BOM DA VIDA SÃO AS ILUSÕES DA VIDA







Por Airton Soares


Tia Aldenora pt. Prepare galinha caipira pt. Feijão de corda pt. Tô chegando trem da quinta-feira pt. Vá estação pt. Benção pt. Barbosão pt.” ( Da peça Iracema (texto e direção: Eurico Bivar). No momento ensaiada no SESC. Fala do personagem: prof. Adoniram Deodato (Airton Soares).


Fim de semana. Ambiência familiar. Sebastião, nosso primo, mostrava orgulhoso e em primeira mão, suas mais recentes xilografias. Entre diversos papagaios, peixes e cavalos, esta de pronto me agradara: a estação!

Quando a vi me veio voando distante lembrança; farras...viagens da Capital pro Interior. Férias! Festas! Fantasias! Mundo nosso. Só nosso! Vendo a gravura mais de perto, vi o viço do reboliço de gente...o pulsar de vida em cada chegada do trem.

- Oia o milho, Vai ata...vai ata; Olha a manga coité; Eu tenho a tapioquinha de coco. Iô creme! Beiju, beiju...olha o beiju!!

Homens... mulheres de faces encarquilhadas; meninos caneludos e remelentos como diria Moreira Campos, aproveitavam os poucos instantes da paradinha da `Maria Fumaça´, para garantir a sobrevivência do dia. Quanta saudade! De todas as idades. Saudades vindas; saudades idas!

Nada disso se pensava na época. A constatação do quadro de seca, miséria e de boas lembranças só veio muito depois dessa fase paradisíaca!


Mas... por bem ou por mal a gente cresce. Novas farras, festas e fantasias vão ocupando o vazio de outrora. Terá razão Honoré de Balzac, quando diz que o bom da vida são as ilusões da vida?

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