terça-feira, 25 de setembro de 2007

Crianças no cyber


Airton Soares

Não tem como a casinha da gente. Refiro-me ao nosso lar virtual.
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Neste exato momento, acesso a internet de um cyber, no interior do Estado. Uma quentura de lascar o cano. - Esta gíria é muito antiga, mas já que veio deixe estar - monitor de 14 polegadas; velocidade tartarúdica; teclado desprogramado. Já mudei duas vezes de computador.

Se não bastasse, ao pé de mim, um quarteto de eufóricas crianças - aos gritos - comemorando suas conquistas em seus preferidos games. Não demorei muito a pensar: se tivesse nascido nessa época, meu comportamento não seria diferente. Ainda assim, a consciência desse fato, não abrandou minha inquietação diante os contundentes diálogos que se seguem:

"É claro, eu matei você. Você não quis me ouvir"...

"Onde você aprendeu a jogar assim"...

"Vai Dudu, mete porrada!"

"Ei, como é que se destrói esse prédio?"

"Dudu vou te ensinar."

"Olha como é."

"Tá vendo?"...

"Deixe eu te ensinar."

"Vai pra cima."

"Aqui dá murro."

"Aqui dá nada."

"Aqui se baixa."

"`M´não dá nada."

"`R´ pra cima..."


Depois de tudo isso, tornei a pensar: quer saber de uma coisa: Vou me irritar não. Vou não. Não vou mesmo. A minha saída é prestar atenção à conversa da meninada. Sabe lá se não dá uma crônica!

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