quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O pessimismo de Augusto dos Anjos

Caros Internautas,
Anuncia-se para amanhã, no Teatro José de Alencar, a "Mostra Brasileira de Teatro Transcendental", com a peça "A Dança da Psiqué de Augusto dos Anjos". Poeta maldito, de um pessimismo exacerbado, o homenageado marcou sua passagem pela literatura brasileira com um único livro: "Eu", onde destila toda sua amargura com o mundo e com os homens. Abaixo, o mais famoso de seus sonetos:

VERSOS ÍNTIMOS

Vês ?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável !

Acostuma-te à lama que te espera !
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro !
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija !

Um abraço a todos,
Cláudio César

Extraído do site da AFAI - Associação dos Filhos e Amigos do Ipu.

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