quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

VIXE COMO TU TÁ GORDO!


Por Airton Soares

Enquanto conversava na calçada com Rejane, amiga e vizinha de infância, passava Ranges – também antiga moradora da rua – sem me cumprimentar. Julgando que ela não havia me reconhecido, saudei-a com um bom dia.

Rejane, despachada, foi logo dizendo:

- “Mulher, é o Zé Airto da Dona Gonçalinha, tu num tá conhecendo não?”

– “Vixe como tu tá gordo!”, respondeu perspicazmente a professora aposentada. Ela não me reconhecera e diante da achega da colega, a saída menos vexatória era fazer referência ao meu peso.

Ao entrar, matutei: nesse contexto, em geral, as pessoas extremam suas percepções para o muito gordo ou muito magro. Nunca estamos aprumados. Se, por vezes, dizem que estamos bem, é simplesmente por conta do social, meras palavras de agrado.

A verdade é que estou acima do peso. GORDO! E a colega passante, sem perceber, aborreceu-me, mas me prestou um grande favor. O “inimigo” sempre diz essas coisas “na lata”. O amigo rodeia, tergiversa, eufemiza. Se caolho somos, ele nos olha de perfil. Alívio total, mas não ajuda.


– Alô! É da academia?

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