Todo o mundo conhece este assunto
por Sérgio Simka*
A gramática estabelece uma distinção de sentido entre TODO e TODO O, TODA e TODA A. A diferença semântica reside justamente no uso e na omis são do artigo. Assim, atribui-se a TODO o significado de "qualquer" e a TODO O a significação de "inteiro".
Nas frases seguintes, a diferença é clara: Lia todo livro que encontrasse. Li todo o livro.
No primeiro caso, o pronome indefinido TODO + substantivo traz a ideia de "qualquer", "cada", por isso o sentido é o de que o cidadão lia "qualquer" livro que encontrasse. Por exemplo, a frase "Todo ser humano tem alma" representa o conjunto dos seres em questão, daí podermos dizer que o uso do singular (TODO = qualquer) tem valor de plural (TODO = totalidade), o que Bechara chama de "totalidade distributivamente de um conjunto plural".
No segundo caso, o adjetivo TODO + O + substantivo tem o sentido de "inteiro", "completo"; assim, o sujeito leu o livro "inteiro". Está implicada uma ideia de integralidade, daí o artigo ser obrigatório.
Todo o mundo/ todo mundo Sem o artigo, "todo" significa "as pessoas em geral":
Todo mundo ficou perplexo com a atitude do professor. Com o artigo, "todo o" quer dizer " todas as pessoas", "o mundo inteiro": O lixo é um grave problema em todo o mundo.
Particularidades
Vejamos, agora, alguns casos particulares:
O pronome indefinido no plural (TODOS) será usado sem o artigo quando um numeral substantivo antecedê-lo. Analise os exemplos:
Todos três foram embora quando eu cheguei.
"Era belo de verem-se todos cinco em redor da criança." (Camilo Castelo Branco, O bem e o mal).
Se o numeral vier seguido de substantivo, o artigo é obrigatório:
Todos os três deputados eram casados.
O pronome indefinido será usado também sem o artigo quando houver um nome em função predicativa:
Tinha dois filhos, todos professores. (= todos eram professores)
Usamos todo como advérbio, quando tiver o sentido de completamente. No entanto, será flexionado como se fosse adjetivo, ou seja, em gênero e número:
A roupa estava toda manchada.
Os senadores caminhavam todos felizes.
* Sérgio Simka é professor e coordenador do curso de letras das Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP), de Ribeirão Pires-SP, e da Universidade do Grande ABC (UniABC), de Santo André-SP. Autor de Português não é um bicho-de-sete-cabeças (Ciência Moderna), dentre dezenas de livros sobre a Língua Portuguesa. Seu site: www.sergiosimka.com
Fonte:http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/21/gramatica-tradicional-158400-1.asp
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