LUIZ CARLOS PRATES - Diário Catarinense - 121109
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Vida é tempo. Se você fica na cama até mais tarde simplesmente porque não tem o que fazer, está sem compromisso, vai ser difícil ser alguma coisa na vida. Levantar cedo é típico dos indômitos, dos que entram no jogo para ganhar. São poucos. Todas as pessoas querem ser alguma coisa na vida, pelo menos da boca para fora. Na prática, todavia, o que se vê é um altissonante desmentido dos lábios, as ações mostram que as determinações da pessoa não passam de falácias autoenganadoras. Acabei de ler uma frase atribuída a Oscar Wilde, um dândi, um cara refinado nos gostos e áspero nas palavras, irlandês, escritor e polemista. Wilde dizia que A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre. Eu não disse que ele era polemista? Só faltou dizer que para causar essa boa impressão é preciso bons modos, educação e excelente qualificação em algum trabalho. O resto é aparência.
Também defendo essa ideia. Quando falo aos funcionários nas empresas, costumo dizer a eles que é muito bom ser invejado e até odiado, desde, é claro, que não seja por ações promovidas pelo caráter, a instância moral da personalidade.
Sim, é bom ser invejado, odiado. Por quê? Porque não invejamos a quem está no degrau debaixo, invejamos a quem está no degrau de cima. Quem nos inveja gostaria de estar no nosso lugar, e não está. Tome!
O que Oscar Wilde quis dizer foi simplesmente que os bons, os competentes, não são tolerados. O curioso é que o invejoso não se dá conta de que ele também pode ser invejado. Desde, é claro, que se descubra, que descubra o seu talento natural, o desenvolva e com ele case por amor. Será um belo e eterno “casamento”. Mas não, o medíocre não se dá conta de que também ele pode ser admirado.
As doenças que mais estão na “moda”, enriquecendo laboratórios, são as doenças da mente, as mentais. Daí os recordes de venda de ansiolíticos, antidepressivos, soníferos, tranquilizantes, tudo, de tudo. Muita gente anda sedada, drogada, mas de queixo falsamente erguido, dissimulam a infelicidade.
Quem fica até mais tarde na cama é porque não tem paixão, não luta por nada. Vai acabar precisando de artifícios para viver, vai precisar das drogas da moda.
Já uma pessoa de bem consigo mesma, produtiva no trabalho, que gosta do que faz, nunca vai precisar de “anestésicos” na vida. Gente desse tipo não joga tempo fora, não dorme mais do que a cama... Quer causar boa impressão? Saia da cama cedo e qualifique-se para o mercado.
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