sábado, 13 de setembro de 2008

eterno PIQUENIQUE

Por Airton Soares

Barzinho da Dona Heloísa. Nas cercanias do meu `monastério´. Tomava uma cerveja. Sozinho. Ao me retirar, escuto cochichos: - Quem é? - É o professor... Só viive estudaando... Sei que as reticências e a duplicação das vogais já dizem tudo, mas faço questão de ser redundante: O tom de voz denotava piedade. Muita!

Neste mundo, essencialmente dionísico, quem gosta de estudar e que não demonstra envolvimento com as excessivas práticas bacantes é visto como um sofredor. Nada mais falso. O estudo requer muito trabalho. Trabalho “pesado” é verdade. A etimologia constata que pensar quer dizer `sopesar´ com sentido de colocar na balança alguma coisa para se avaliar o seu peso. Daí a expressão: estou com a consciência pesada. Mas, o fato dessa coisa dar trabalho pesado, não significa sofrimento. Fosse assim, ninguém fazia piquenique. Qualquer atividade prazerosa dar tanto trabalho como outra qualquer.

O segredo: Faça de sua vida um piquenique e aprenda a conviver com as próvidas formigas. Assim, equilibrar o Dioniso e o Apolo existentes em cada um de nós é, a meu ver, o eterno piquenique da vida.

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2 comentários:

Ana Maria Ribas disse...

Airton, seu post está perfeitamente de acordo com a sua máxima: "Que Deus nunca me livre dos livros." Nossa, mas isso se encaixou em minha vida como uma luva. Nada substitui o prazer de um livro. Só o prazer de escrever... Quanto aos olhares estranhos, eles são alienígenas... liga não!

. disse...

“Há um estado de ser só, que se manifesta como um horrível dever.”

A meu ver é a frase-núcleo que permeia todo o texto. Ela me fez lembrar do mito Prometeu acorrentado, de Nietzsche e Schopenhauer. Ensimesmar-se, que “horrível dever”.

Perdidos numa noite, achados ao amanhecer com o fígado renovado. “Assim caminha a sôfrega humanidade” “em busca do tempo perdido”

Outra passagem que me chamou a atenção: “Mas o que faríamos com nossas frases sem miolo, ôcas, vazias de significado?” Melhor fingir que não se vê. Fingir respeitoso, provocador de solidão desejada.

Nas frinchas da solidão, a autora retira o cascalho em busca de di-amante, o saber dia...luz. E ao entrecruzar e interpenetrar os dois alimentos ( o pão pão e o pão paz..solidão profunda ), Ana vai-e-volta, volta-e-vai, buliçosamente remexendo - com riqueza de detalhes - a fornada da vida.

Parabéns, senhorita Abrahama Belíssimo texto.