RUY CASTRO - Folha de São Paulo- 21/07/2008
RIO DE JANEIRO - Em Porto Amazonas (78 km de Curitiba), há uma semana, uma estudante de 21 anos foi morta pela PM paranaense com um tiro na cabeça, após o seu carro bater acidentalmente no da polícia, enquanto esta perseguia uma quadrilha em outro carro. Um dos policiais supôs que a batida fosse de propósito e já saiu disparando. A ação lembrou aquela acontecida na Tijuca, no Rio, dias antes, em que uma senhora teve o carro fuzilado pela polícia e um filho morto.
Na quarta-feira passada, em Bonsucesso, também no Rio, outro inocente -desta vez, um funcionário das Organizações Globo- foi seqüestrado em seu carro por um bandido, teve o carro perseguido e morreu baleado pelos PMs. Para a polícia, os dois ocupantes seriam bandidos. Para que não se diga que a PM só mata, dois policiais militares foram mortos a tiros na Fonte da Saudade, ainda no Rio, na manhã de quinta, e outro no Jardim Guanca, zona norte de São Paulo, na madrugada de sexta.
Na mesma sexta, de manhã, oito homens morreram numa favela em Realengo, no Rio, em confronto com a PM. À tarde, um assalto a banco em Jardim Peri-Peri, zona oeste de São Paulo, terminou com um policial civil e dois bandidos mortos a tiros, além de uma menina de sete anos, atropelada pelos criminosos em fuga.
É um perpétuo faroeste. Pela quantidade de fuzis, pistolas, balas e granadas em ação, imagino que a profissão de armeiro seja hoje uma das mais valorizadas do país. Serviço não falta -afinal, alguém tem de cuidar do armamento da polícia, dos bandidos e das milícias, alinhando as miras e azeitando os canos.
Pela intensidade do uso, pode ser até que falte armeiro no mercado. A ponto de, quem sabe, os melhores do ramo serem solicitados a prestar serviços para uma, duas ou mesmo as três partes.
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