Luiz Carlos Prates
Por que os casamentos - ou os "ajuntamentos", que é o que mais existe hoje - por que estão durando tão pouco? Já contei aqui que o casamento mais longevo do Brasil, segundo o IBGE, é o casamento gaúcho, está durando na média 12 anos. Na média. Um casamento que dura 12 anos, na verdade começou a ruir no segundo ou terceiro ano, se tanto. O resto do tempo foi um longo gemido até à separação.
Volto à pergunta: por que os casamentos estão durando tão pouco? No básico, por duas razões: pressa, urgência pela "posse" do outro, e leviandade dos parceiros, escolhas assentadas sobre tolices que não sustentam bons relacionamentos humanos. Vim até aqui, leitora, para dizer que ontem reli trechos que eu já havia sublinhado na primeira leitura do livro Blink. Blink em inglês é piscar dos olhos. É um livro que trata das percepções humanas em escassos segundos. No resumo, diz o autor do livro - Malcolm Gladwell - somos capazes de uma formidável percepção de realidades num abrir e fechar dos olhos, sem que isso signifique figura retórica, pura verdade.
Penso que também já contei aqui de uma experiência feita pelo autor e seus alunos e que comprova nossa magnífica capacidade de "enxergar" realidades em tempos de segundos ou menos que isso. Um dos exemplos mais significativos das experiências do autor foi reunir alguns pares de noivos, jovens que estavam se aprontando para o casamento, levá-los para um restaurante e oferecer-lhes um jantar. Em mesas ao lado das mesas dos jovens noivos, havia outras mesas, bem próximas.
Nessas mesas estavam observadores, mas ninguém sabia deles. Cabia a esses observadores, psicólogos muito bem treinados na área da percepção blink, isto é, num piscar de olhos, ouvir poucos segundos da conversa dos noivos. Desse tempinho, eles fariam prognósticos sobre quais casais ficariam casados por mais tempo e quem se separaria sem muita demora. O tempo passou, os jovens casaram, e os observadores os seguiram.
Acertaram em cheio sobre quem ia se separar ou separar-se por primeiro ou não se iam separar, acertaram direitinho. A pesquisa visava a exatamente isso, comprovar que é possível em poucos segundos fazer um prognóstico sobre o futuro conjugal ou profissional das pessoas.
Concordo, mas se esse apuro de percepção for levado para todos os namoros, acabarão os casamentos. Os casamentos só continuam a existir porque eles e elas ficam cegos e surdos durante o namoro. Quem quiser conhecer o outro, basta piscar os olhos... E sair correndo.
Um comentário:
Os casamentos de hoje já não são mais como no passado, a pressa somada a falta de conhecimento entre os parceiros culmina na separação, casan-se mais por sexo que pela responsabilidade de criar uma famila, abraço a todos!
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