comunicação, relacionamento interpessoal, diálogo, felicidade
Por Eugenio Mussak
Formatação: Airton Soares
FALTA É DIÁLOGO
Vivemos num mundo em que os povos não se entendem, provocando grandes conflitos, e costumamos ouvir que o que falta é diálogo. Se olharmos ao nosso redor, também encontramos uma série de pequenos conflitos, pessoais e profissionais, sobre os quais podemos fazer o mesmo comentário: falta diálogo. Uma interessante lição sobre esse assunto pode ser encontrada, curiosamente, em um texto de biologia. No livro A Segunda Criação, de Ian Wilmut (Editora Objetiva), há uma refl exão pra lá de perturbadora.
O DIÁLOGO ENTRE O GENES E O AMBIENTE
Esse geneticista britânico, que é um dos criadores de Dolly, a ovelha-clone, afi rma que os genes não operam isoladamente: “Eles estão em diálogo constante com o resto da célula, que, por sua vez, responde a sinais de outras células do corpo, que por sua vez estão em contato com o ambiente externo. Esse diálogo controla o desenvolvimento do organismo (...). O diálogo entre os genes e o ambiente que os circunda continua depois que o animal nasce e durante toda a sua vida e, se ele não se processa corretamente, os genes saem fora de controle, as células crescem desordenadamente e o resultado é o câncer”.
SOMOS PRODUTOS DE UM PERMANENTE DIÁLOGO
Uau! Isso nos remete a uma segunda reflexão sobre o comportamento das pessoas. Seríamos nós, como sugere o texto, produtos de um permanente diálogo entre nosso interior e o mundo em que vivemos? Seria o ser humano um animal parcial, considerando que só controla parte de seu comportamento, estando a outra parte entregue à variação aleatória de um mundo em permanente transformação? Parece, sim! Nosso bem-estar, nossa produção, nossa felicidade não dependem só de nós, mas também do mundo e, como conseqüência, da qualidade do diálogo que estabelecemos com esse mundo.
CONDIÇÃO PARA FELICIDADE
Nesse sentido, a busca é pelo consenso — que, em última análise, é condição para a felicidade. Entender o mundo e me fazer entender por ele é o grande desafio. Ninguém deve ganhar esse diálogo, pois ele é um apelo de paz. Um grupo de trabalho só tem a ganhar com a disposição ao diálogo. Mas isso não funciona quando um apenas fala e o outro ouve. Lembro-me de um executivo que ficava quieto nas reuniões e um dia me disse: “Entre o monólogo com meu chefe, prefiro o diálogo comigo mesmo”.
Eugenio Mussak é professor do MBA da FIA e consultor da Sapiens Sapiens.@ eugênio@ssdi.com.br
Revista Você S. A. janeiro /2008
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