sábado, 26 de janeiro de 2008

COMUNICAÇÃO - FALE MELHOR

comunicação, educação, empresas, informação, linguagem, oratória, poder, relacionamento, transdisciplinar

Fonte: revista Você S. A. janeiro /2008


Saiba como desenvolver a habilidade de comunicação para aumentar sua performance e o resultado da empresa


Por MÁRCIA ROCHA

Artigo adaptado por Airton Soares


EXPOSIÇÃO E RELACIONAMENTO COM DIFERENTES PÚBLICOS


“À medida que se progride profissionalmente, as habilidades sociais e políticas ganham mais destaque que a qualificação técnica e operacional”, diz José Antônio Rosa, da I&Jr, empresa especializada em desenvolvimento de pessoas e consultoria empresarial, de São Paulo. Isso ocorre porque está evidente para as organizações que a performance de um profissional, especialmente os de nível executivo, e o resultado que ele gera para o negócio dependem fundamentalmente de como se expõe e se relaciona com os diferentes públicos da corporação (clientes, fornecedores, comunidade, governo, filiais de outros países etc.). Seja qual for seu cargo.


QUEM SE COMUNICA BEM SE DIFERENCIA

Aprenda outras línguas. Prepare-se. Você pode ser chamado para conduzir uma reunião no lugar do chefe, participar de uma teleconferência com acionistas da empresa ou apresentar um projeto na matriz — em outro país. Oportunidades de exposição não faltam. É preciso ocupar esses espaços e se tornar hábil para se expressar em vários meios e de várias formas — pessoalmente, por telefone, via email. “Aliás, o meio escolhido tem influência sobre a mensagem. Senão, a comunicação fica truncada. E-mail e telefone, por exemplo, não são boas opções para cobrar um trabalho. O melhor é conversar”, diz José Ernesto Bologna, presidente da consultoria Ethos Desenvolvimento Humano e Organizacional de São Paulo. Carlos, da GE, tem esse tipo de sensibilidade. Quando percebe que o papo por e-mail pode virar mal-entendido, convoca uma reunião. E isso, às vezes, significa marcar uma teleconferência, já que grande parte da equipe fica fora do país. “O fato de conhecer todos pessoalmente torna a conversa por telefone mais fácil”, diz.


APRESENTAÇÃO EM PÚBLICO

Reinaldo Passadori, diretor do Instituto Reinaldo Passadori de Comunicação Verbal, de São Paulo, que tem 350 organizações como clientes, conta que 37 “novas” empresas procuraram o instituto para treinar seus funcionários, também gerentes em sua maioria, durante 2007. Quem participa desse tipo de curso aprende a fazer apresentações em público, conduzir negociações, dar treinamentos e liderar reuniões. Ou seja, experimenta situações em que tem uma platéia para mobilizar. Aprende também a lidar com o medo de errar. “Em uma apresentação em público ou em qualquer outra situação em que você interage com alguém, se desculpe pelo erro e siga em frente”, diz Reinaldo. Se você não fizer isso, vai chamar mais a atenção para seu tropeço e, pior, atrasará a atividade em que estiver envolvido.


SE EXPOR É BEM DIFERENTE DE ATROPELAR PESSOAS

Coloque limites aos movimentos que você fizer para aparecer mais. Se expor é bem diferente de atropelar as pessoas, na ânsia de se exibir. Esse é o lado caricato da comunicação e do marketing pessoal. Ser reconhecido como alguém que tem competência para se comunicar leva tempo e tem a ver com criar seu espaço, dando suas opiniões, sugerindo novas idéias e procurando oportunidades pertinentes ao seu projeto de carreira para se expor.


PARA O TOPO É MAIS DIFÍCIL

Sobre o desafio de recuperar a reputação da empresa, uma pesquisa da Burson-Marsteller, consultoria americana de comunicação corporativa, feita em 2006, mostra que há muita expectativa que o presidente fique acessível à imprensa. Em outras palavras, em momentos de crise, apareça e fale mais, até a situação voltar à normalidade. O estudo ouviu 685 executivos de 65 países para saber as estratégias que devem ser adotadas, e para 18% deles seria interessante que o CEO se desculpasse publicamente. A expectativa de todos é que os líderes não apenas tomem as melhores decisões para virar o jogo, mas as comuniquem adequadamente de forma que cada empregado seja capaz de explicar em casa, aos vizinhos e amigos o que está acontecendo. “Essa comunicação em rede é delicada, pois basta um comentário errado feito por um funcionário para a família e os amigos e a imagem da empresa pode voltar a ser prejudicada”, diz Francisco de Carvalho, presidente da Burson-Marsteller no Brasil.


NO SEU DIA-A-DIA

A comunicação cotidiana é tão importante e delicada quanto nesses momentos de crise. Nada mais usual (e complicado) do que um feedback. Ao ganhar uma equipe, surge a necessidade de orientá-la, comunicar metas, explicar processos e alinhar expectativas e estratégias. Tendo sempre cuidado para não quebrar o que se chama de contrato de confiança. Caso contrário, a interação entre o gestor e o time pode se tornar inviável. A recomendação para as situações corriqueiras do escritório, como feedback, reunião semanal ou a orientação de um novo projeto, é adotar a síntese e estar disposto a ser um bom ouvinte.


O PODER DE RESUMIR

O poder de resumir, de ser objetivo, torna qualquer discurso mais eficiente. diz o psicólogo José “Quem consegue ir além da análise e sintetizar os fatos prende a atenção das pessoas”, Ernesto Bologna. Na Procter & Gamble, quem quiser apresentar um projeto deve ser capaz de escrevê- lo em uma página. Para que ninguém se atrapalhe, é oferecido um treinamento de linguagem escrita dos negócios. “A habilidade de sintetizar exige conhecimento, capacidade analítica e visão de longo prazo e está incluída em uma das competências que nossos funcionários devem ter”, diz Carlos Relvas, diretor de RH da P&G.


HABILIDADE DE SER TRANSDISCIPLINAR

José Ernesto explica que sintetizar tem a ver com foco e com a habilidade de ser transdisciplinar, de saber relacionar diferentes níveis de realidade e de pontos de vista. Parece complicado? Realmente, não é fácil. O advento da internet anulou o ditado “quem tem informação tem poder”. Para Vinton Cerf, que é considerado um dos pais da Web e é um dos VPs do Google, o correto é “quem compartilha informação tem poder”. Hoje, todos têm acesso a qualquer informação, o que gera um interlocutor muito mais difícil de ser convencido.



É PRECISO LER E ESTUDAR MUITO

Para Vinton, o grande desafio é encontrar o que tem relevância. E não basta apenas saber manejar as ferramentas de busca que filtram e organizam os conteúdos da rede. É preciso ler e estudar muito para desenvolver o senso crítico. Por esse motivo, além de jornais e revistas, abasteça sua biblioteca com livros sobre filosofia, religião e artes, três grandes áreas do conhecimento. E estude sempre.


SABER OUVIR

Em relação a saber ouvir, coloque- se no lugar dos outros, modulando seu discurso de acordo com seu interlocutor em uma conversa ou negociação. Uma pessoa com essa qualidade geralmente é boa observadora e tem habilidade para ler nas entrelinhas e compreender a linguagem não-verbal, descobrindo pistas que deixam o discurso mais efetivo.

TREINAR... TREINAR


Para conseguir mexer com as pessoas dessa forma, usando apenas as palavras, sintetizar o discurso, ouvir bem, dar feedback, persuadir parceiros, entusiasmar equipes, impressionar acionistas e satisfazer clientes em uma apresentação, além de conhecer as técnicas que melhoram a comunicação, a receita é treinar, treinar, treinar. Em outras palavras, aparecer, aparecer, aparecer.



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