Airton Soares
Sábado frio e neblinoso. Final de labuta. Saio e vou tomar minha cervejinha no barzinho da Dona Heloísa, situado ao lado do meu “monastério”-Escritório-, no sossegado e bonito Centro de Fortaleza.
Tudo carinhosamente no “inho”, para dar mais sabor à cerveja e à vidinha “marromeno”, como costuma dizer um amigo.
Primeiro gole...
Olha quem me aparece: Senhorita Iara com seu caderninho de anotações.
Aqui abro um parêntese. Em meus cursos e palestras, tenho por hábito chamar todas as mulheres presentes de Senhorita, independentemente da idade ou situação civil. Sabe por quê? Para evitar aborrecimento. É sim, evitar aborrecimento!
Explico melhor: Em meus cumprimentos, de dez Senhoras, assim chamadas, umas quatro ou cinco respondem: “Senhora está no Céu”, e ainda acompanhado de um trejeito rejeitador.
Como solucionar esse contratempo? Pensei... Pensei... Eureca... Por oposição! A partir de agora vou chamar todo mundo - as mulheres - de Senhorita. Pois não é que deu certo, leitor! Até agora, nenhuma mulher me disse "Senhorita está na Terra." Foi-não-foi, uma, uma “unzinha” só, repete bem baixinho em tom de branda reprimenda: “Senhora...”
E, assim, por extensão...,“Senhorito”, para os homens. Deu certo, repito. Tão certo que esta jocosidade, estrategicamente estudada, tem outras serventias: Descontrair o público e a mim também. Início de palestra, por mais experiência que se tenha, não há como evitar a adrenalina apostando corrida nas veias.
Ah, sim, ia esquecendo: Quando percebo que o ambiente é muito formal, aí não tem jeito: danço conforme a música.
Eita, que a emenda ficou maior do que o soneto. Mas ficou bem explicadinho, creio. E cá entre nós, era isso o que eu queria.
Voltemos à Senhorita Iara.
- E ai, menina, qual a frase do dia.
- Ah, professor, a frase é `limpeza´... de André Gide. Vê se o senhor gosta.
- Senhor está no Céu. - Respondo. E aproveito o cabimento para declamar a trova que li por aí:
“Não me chame de senhor,
Que eu não sou tão velho assim.
E ao seu lado meu amor
Eu não sou senhor nem de mim.”
Ela ri. Ri consciente do seu riso e acrescenta:
- Ah, sei. Sei, professor, já havia esquecido dessa sua história... Da Senhorita... Vou ler a frase.
- Tenha a bondade.
Iara tem por hábito transcrever as frases da seção “Biscoito da Sorte”, que é parte do suplemento O Buchicho, do jornal O Povo. Ela poderia muito bem recortar as frases e colar em seu caderninho. Muito mais prático. Mas não, gosta mesmo é de escrever.
A frase: “As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão.”
- Maravilha, Senhorita Iara, maravilha! Você sabe quem foi André Gide? E a conversa se espicha até o final do último gole, num sábado frio e neblinoso.
Sábado frio e neblinoso. Final de labuta. Saio e vou tomar minha cervejinha no barzinho da Dona Heloísa, situado ao lado do meu “monastério”-Escritório-, no sossegado e bonito Centro de Fortaleza.
Tudo carinhosamente no “inho”, para dar mais sabor à cerveja e à vidinha “marromeno”, como costuma dizer um amigo.
Primeiro gole...
Olha quem me aparece: Senhorita Iara com seu caderninho de anotações.
Aqui abro um parêntese. Em meus cursos e palestras, tenho por hábito chamar todas as mulheres presentes de Senhorita, independentemente da idade ou situação civil. Sabe por quê? Para evitar aborrecimento. É sim, evitar aborrecimento!
Explico melhor: Em meus cumprimentos, de dez Senhoras, assim chamadas, umas quatro ou cinco respondem: “Senhora está no Céu”, e ainda acompanhado de um trejeito rejeitador.
Como solucionar esse contratempo? Pensei... Pensei... Eureca... Por oposição! A partir de agora vou chamar todo mundo - as mulheres - de Senhorita. Pois não é que deu certo, leitor! Até agora, nenhuma mulher me disse "Senhorita está na Terra." Foi-não-foi, uma, uma “unzinha” só, repete bem baixinho em tom de branda reprimenda: “Senhora...”
E, assim, por extensão...,“Senhorito”, para os homens. Deu certo, repito. Tão certo que esta jocosidade, estrategicamente estudada, tem outras serventias: Descontrair o público e a mim também. Início de palestra, por mais experiência que se tenha, não há como evitar a adrenalina apostando corrida nas veias.
Ah, sim, ia esquecendo: Quando percebo que o ambiente é muito formal, aí não tem jeito: danço conforme a música.
Eita, que a emenda ficou maior do que o soneto. Mas ficou bem explicadinho, creio. E cá entre nós, era isso o que eu queria.
Voltemos à Senhorita Iara.
- E ai, menina, qual a frase do dia.
- Ah, professor, a frase é `limpeza´... de André Gide. Vê se o senhor gosta.
- Senhor está no Céu. - Respondo. E aproveito o cabimento para declamar a trova que li por aí:
“Não me chame de senhor,
Que eu não sou tão velho assim.
E ao seu lado meu amor
Eu não sou senhor nem de mim.”
Ela ri. Ri consciente do seu riso e acrescenta:
- Ah, sei. Sei, professor, já havia esquecido dessa sua história... Da Senhorita... Vou ler a frase.
- Tenha a bondade.
Iara tem por hábito transcrever as frases da seção “Biscoito da Sorte”, que é parte do suplemento O Buchicho, do jornal O Povo. Ela poderia muito bem recortar as frases e colar em seu caderninho. Muito mais prático. Mas não, gosta mesmo é de escrever.
A frase: “As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão.”
- Maravilha, Senhorita Iara, maravilha! Você sabe quem foi André Gide? E a conversa se espicha até o final do último gole, num sábado frio e neblinoso.
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